Capa do livro "Como avaliar sua visa?"

“Não há respostas fáceis para os desafios da vida. A busca pela felicidade e pelo sentido da vida não é algo novo. Há milhares de anos que os seres humanos refletem sobre a razão de nossa existência. O que é novo, todavia, é como alguns pensadores modernos abordam o problema. Um grupo de peritos simplesmente oferece as respostas. (…) Não é isso que eu pretendo com esse livro. Não existem soluções rápidas para os problemas fundamentais da vida. Mas eu posso lhes oferecer ferramentas que chamarei de teorias neste livro, que vão ajudá-lo a fazer boas escolhas…”

A princípio, ao se deparar com um livro com este título em qualquer livraria ou biblioteca, podemos pensar se tratar de mais uma obra de autoajuda. Os autores, no entanto, são pesquisadores e professores que atuam em Harvard e outras instituições de ensino superior destacadas dos Estados Unidos. Clayton Christensen, um dos escritores desta obra é o criador do conceito de disrupção, surgido a partir de outros estudos realizados por ele nos anos 1990 em Harvard, considerado uma das principais referências mundiais no tocante à inovação, economia, negócios, planejamento estratégico e áreas afins.

“Como avaliar sua vida?” não é, portanto, mais uma daquelas obras com receitas fáceis criadas por algum guru, mago ou guia espiritual que pretende, com tal produção, resolver todos os problemas da vida de alguém.

O que se faz ao longo do livro de Christensen, escrito em parceria com James Allworth e Karen Dillon, é repensar as relações das pessoas em suas experiências profissionais e pessoais, verificando ações que possam ser comparadas e pensadas a partir de práticas bem-sucedidas, avaliando as variáveis de modo a equilibrar trabalho e família, estudo e lazer, crescimento na carreira e estabilidade nas relações pessoais.

No início da obra, somos levados a uma reflexão sobre os rumos da vida de pessoas com as quais estudamos, a partir de memórias resgatadas por Christensen, sobre colegas da universidade, brilhantes, de futuro extremamente promissor, idealistas, que queriam fazer a diferença no mundo e que, passados alguns anos, nos encontros regulares realizados pela universidade para o reencontro de turmas de formandos, foram escrevendo as linhas de sua própria história de modo um tanto quanto diverso daquele que se esperava.

Alguns deles prosperaram, criaram empresas, se tornaram executivos com altos salários, mas tiveram dificuldades no âmbito pessoal, com casamentos frustrados, separações, distância dos filhos…

 

“Muitos produtos não dão certo porque as empresas os desenvolvem do ponto de vista errado. Elas focam no que querem vender aos seus clientes, em vez de no que os clientes realmente precisam. O que está faltando é a empatia: um profundo entendimento sobre quais problemas os clientes estão tentando resolver. O mesmo se aplica aos nossos relacionamentos: iniciamos um relacionamento pensando no que queremos, em vez de pensar no que é importante para a outra pessoa. Mudar a perspectiva é uma forma poderosa de aprofundar relacionamentos.”

 

Outros, por sua vez, deixaram a ambição falar mais alto e sucumbiram diante dos caminhos tortuosos do mercado ou da política, cedendo as tentações do dinheiro fácil, rápido… de origem ilícita, se envolvendo em escândalos e, em certos casos, indo parar na prisão.

Você já parou e pensou a respeito disso? Qual foi o rumo daquelas pessoas que dividiram os bancos escolares com você na universidade ou em cursos técnicos? Por onde andam?

Hoje, com as redes sociais é possível acompanhar a vida destes ex-colegas e, com isso, saber ao certo onde vivem, trabalham, com quem se relacionam, se estão tendo sucesso pessoal e profissional. Retomar contato em alguns casos, rever bons amigos que estão distantes e por aí vai. Saber também se os sonhos, as lições, as realizações a que se propuseram, foram alcançadas…

É a partir daí que Christensen, Allworth e Dillon seguem, ou seja, analisando as trilhas que se apresentam, os problemas ou dificuldades que todos irão encontrar, as escolhas e possibilidades, os acertos e erros possíveis, tanto na vida pessoal quanto na profissional e, de preferência, trazendo analogias entre o corporativo e a experiência individual para que, com tais referências, seja possível perceber quais são os melhores caminhos.

Examinando erros de grandes corporações e, a partir deles traçando analogias com a vida pessoal, por exemplo, definem-se metas, estratégias, ações possíveis que possam ser aplicadas na relação entre marido e esposa ou entre pais e filhos. O mesmo pode ser aplicado no sentido inverso, ou seja, aquilo que é, a princípio, estritamente pessoal, acaba se tornando uma lição valiosa para a vida profissional das pessoas e empresas em que atuam.

Não há respostas prontas, fáceis, para aplicação rápida, conforme posicionam Christensen, Allworth e Dillon, ao longo de seu trabalho. Pensar é o foco da proposição trazida pelos autores, mas que este pensamento seja embasado, construído a base de referências consistentes, baseado em teorias sobre sucesso e fracasso criadas na Harvard Business School e em outras instituições destacadas.

O que se busca é a felicidade, mas é preciso entender, o que significa isso e, ao mesmo tempo, estar ciente que tal estado não é permanente, sendo então a nossa jornada marcada por uma trajetória de equilíbrio e temperança, em que na maior parte do tempo estamos bem, vivendo em harmonia, mas cientes de que teremos dias mais tempestuosos, difíceis e tristes. Por isso é necessário pensar e repensar a vida, o cotidiano, o trabalho, as relações familiares e tudo o que importa para a existência humana.

Apesar dos autores contabilizarem experiência e obras na área profissional e de organização corporativa, o que os leva a trazer exemplos relacionados aos estudos de casos nesta área para auxiliar os leitores a entender e resolver questões particulares, o foco principal é a felicidade nos relacionamentos.

 

“Todos reconhecemos a importância de proporcionar aos nossos filhos as melhores oportunidades. Cada nova geração de pais parece estar mais empenhada em criar para seus filhos as possibilidades que eles jamais tiveram. Com as melhores das intenções, transferimos nossos filhos a uma miríade de instrutores e educadores, oferecendo-lhes experiências enriquecedoras, achando que prepararemos melhor nossas crianças para o futuro. Porém, esse tipo de ajuda pode ter um alto custo.”

 

Parte-se do princípio de que o sucesso profissional é algo almejado por todos, mas que, no entanto, carreira bem-sucedida sem a construção de relações familiares e de amizade sólidas, com o passar do tempo, levam as pessoas a constatar que algo falta em suas vidas. Muitas experiências pessoais de profissionais que enriqueceram, atingiram altos postos, consolidaram carreiras admiradas à custa de muito esforço tiveram uma contrapartida altíssima em suas vidas profissionais.

Christensen, Allworth e Dillon pensam justamente o equilíbrio a ser atingido entre o profissional e o pessoal a partir de casos que facilitam a compreensão, tornam a leitura do livro bastante agradável e, que de fato, motivam o leitor repensar suas escolhas, caminhos e a rever sua vida.

É preciso equilíbrio nas contas da empresa e também nas pessoais, e isso não se refere somente ao financeiro de ambas, mas a tudo o que está envolvido nesta equação, em especial, as relações entre as pessoas. Coerência entre pensamento e ação é imprescindível, não basta afirmar algo, é preciso fazer com que isso se torne parte de sua vida, caso contrário, como convencer seus filhos da importância de tal pensamento se você mesmo não vive isso ou, mudando de contexto, de que modo levar seus colaboradores a vestir a camisa da empresa se você mesmo não aparenta fazer isso.

“Como avaliar sua vida?” apresenta como subtítulo “em busca do sucesso pessoal e profissional” e realmente se propõe a pensar a situação sem cair em fórmulas fáceis, procurando embasar as ideias em estudos, exemplos e analogias válidas que, certamente, podem fazer diferença. Se você busca uma leitura inteligente que pode auxiliar você a melhorar sua vida, está aqui uma indicação de qualidade.

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