“Num laboratório ultrassecreto em local não revelado da região da Bay Area, em San Francisco, onde robôs operam livremente, o futuro está sendo imaginado. Esse é um lugar onde sua geladeira pode ser conectada à internet para que possa encomendar mantimentos quando seus estoques estiverem baixos. Seu prato de jantar poderia postar numa rede social o que você está comendo. Seu robô poderia ir ao escritório enquanto você permanece em casa de pijama. E você poderia, quem sabe, tomar um elevador para o espaço exterior.”
“Médicos do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, realizaram ontem a primeira cirurgia da América Latina de revascularização do miocárdio – conhecida como ‘ponte de safena’ – totalmente por meio de robô. O paciente foi operado sem a necessidade de abrir o peito – foram feitas incisões de 1 cm para a passagem dos instrumentos.”
Parece ficção científica? Há alguns anos estas linhas provavelmente seriam lidas como parte de alguma obra futurista, mas são notícias de jornal e nos falam sobre alguns avanços tecnológicos já criados e que nos próximos anos já serão parte do cotidiano de muitas pessoas.
Carros-robôs, que rodam sem motorista já estão sendo testados nos EUA e na Europa, com grande êxito no que se refere a confiabilidade de rotas, segurança e conforto. O Google tem um projeto na área e já possui automóveis que rodam sem que um ser humano tenha que dirigir, apenas guiado por satélites, computadores, GPS e outros recursos tecnológicos.
As redes de telefonia e a internet, os aparelhos multiuso, eletrodomésticos inteligentes, jatos e trens de última geração que proporcionam conforto, rapidez e economia, a química a desvendar os alimentos e propor medicamentos que curam males que pareciam invencíveis, a medicina com suas intervenções cirúrgicas milimetricamente realizadas, as indústrias operadas por computadores e acionadas por robôs e tantas outras invenções e avanços surgidos ao longo das últimas décadas proporcionam para a humanidade uma vida hoje que Asimov e outros ficcionistas vislumbraram em seus livros.
Há ainda barreiras a serem transpostas, desafios a serem vencidos. Mas o mundo de hoje já carrega em seu cerne a modernidade que escritores, idealistas, cientistas e inventores imaginaram e que parecia tão distante e, mesmo, impossível, utópica.
Celebram-se as conquistas e há muitas razões para isso. Ainda assim preocupações existem e devem ser alvo da atenção de todos. As tecnologias nos trouxeram maravilhas e conforto, mas apesar destes portentos estarem por todos os lados, disseminados pelos continentes, presentes nos quatro cantos do mundo, ainda vivemos a penúria, a miséria, a carestia em várias localidades.
Países em que a distribuição da riqueza faz com que estas maravilhas da modernidade sejam desconhecidas pois nem mesmo a um prato de comida tem acesso tantas pessoas… Remédios e técnicas cirúrgicas igualmente não chegam a não ser como doação humanitária levada pela ONU ou por ONGs… Guerras civis ou regionais ceifam a vida de crianças, jovens e adultos enquanto poderosos corruptos se alternam no poder sem se preocupar com a população…
Enquanto de um lado do mundo temos a fartura, as benesses da pesquisa e da ciência, os avanços da tecnologia, há milhões de analfabetos e crianças sem escola, hospitais sem remédios ou médicos, desabrigados a perambular em busca de abrigo e alimento…
A modernidade e todas as tecnologias criadas pelos homens representam conquistas de valor inquestionável, mas a violência presente na fome, nas guerras, nas doenças, no analfabetismo, no desemprego e em tantas outras questões mundiais, fruto da ambição, da ganância, da distribuição desigual dos recursos e benesses oferecidos pelo planeta e trabalhados pela inteligência humana ofendem e devem nos sensibilizar para que estes desafios tão grandiosos sejam igualmente vencidos.
Parece grandioso e utópico demais pensar assim? Também era sonhar muito alto imaginar um mundo tão rico em tecnologias como o que já temos hoje…
Obs. Confira os artigos dos jornais nos links “O laboratório dos sonhos do Google” e “Cirurgia de Safena é feita por robôs”, ambos do Estadão.