Professores sentados em sala de aula

Formação é uma palavra composta a partir da junção do verbo “formar” e do substantivo “ação” e, evidentemente, ao se criar um vocábulo específico como “formação”, o que se pretende é, de fato, destacar que, para uma melhor e mais aperfeiçoada ação é preciso que o sujeito desta prática seja formado para tal.

Ainda que, no presente momento existam pessoas defendendo ideias relacionadas a não necessidade de processos formativos amplos, educacionais, escolarizados ou técnicos, com a possibilidade das pessoas aprenderem somente a partir do contato com as novas tecnologias, por meio da internet e suas infinitas fontes e possibilidades, o fato é que os modelos formativos atuais não podem prescindir do contato dos formandos com os especialistas, seus professores ou tutores, do mesmo modo como não é mais possível articular práticas em que os meios digitais sejam descartados, pois se tratam de ferramentas eficazes, úteis, práticas e de fácil manuseio para melhorar as formações.

Se para os alunos a perspectiva é essa e assim o será, porquanto for, enquanto a humanidade por aqui estiver, é preciso que os gestores e colaboradores das escolas, igualmente, estejam sempre envolvidos em processos formativos, internos e externos, ou seja, tanto na escola ou instituição na qual atuam, quanto em cursos alhures, ou seja, em outras entidades que oferecem formações.

Um dos maiores problemas que ainda hoje percebemos, por exemplo, nas escolas, é uma melhor organização das informações por parte da secretaria das escolas, para otimizar a consulta, disponibilização dos dados para os usuários requerentes e a facilidade de pesquisa. No momento atual, em que temos sistemas digitais de gestão sendo introduzidos nas escolas é preciso mais do que simplesmente treinamentos mecânicos, através dos quais se orientem os usuários a respeito do funcionamento dos softwares e aplicativos de sua área de interesse e atuação. É necessário entender a lógica dos sistemas, suas possibilidades além daquelas mais imediatas, realizar o compartilhamento da informação para todas as pessoas da secretaria e, como consequência disso, promover o uso otimizado de tais plataformas.

Ainda mais importante é preparar todos os colaboradores, da portaria a direção, passando pela secretaria, professores e todos os demais funcionários, quanto a necessidade de atender com educação, de forma polida, respeitando os interlocutores, tendo paciência mesmo em situações limite, agindo de forma gentil e com eficiência. Gentileza gera gentileza, já dizia o profeta, mas não adianta só falar e repetir inúmeras vezes o quanto isso é importante e que deve ser padrão na escola, é algo que precisa de algo além disso, de formação com especialistas, para ser efetivamente colocado em prática por todos. A Disney é um exemplo de empresa no tocante a forma amigável, gentil e atenciosa com que todos os membros do seu elenco, como são chamados, tratam os visitantes que estão em seus parques. Isso é tão precioso que motivou especialistas a escreverem livros sobre o assunto que precisam ser lidos e estudados. Que tal colocar na pauta das formações internas de sua escola?

Se a porta da frente for aberta de forma educada, orientada, com os pais e alunos sendo recebidos da melhor forma possível na escola, isso certamente aumentará a empatia, o respeito e a consideração de todos em relação a instituição escolar na qual são atendidos, aumentando a fidelização e as possibilidades de que falem bem da escola para outras pessoas.

É preciso, no entanto, ir além da educação e dos modos na receptividade e tratamento com todos os que compõem a comunidade escolar, sejam os pais ou responsáveis e seus filhos, sejam os clientes internos, a saber, toda a equipe que trabalha na escola.

A formação pedagógica dos gestores e docentes é algo que não pode parar, é preciso que seja continuada, que permita aos colaboradores destes segmentos ampliar seus conhecimentos didáticos, específicos de suas áreas ou segmentos de atuação e de gestão, seja aquela de caráter mais localizado, relacionado a sala de aula, seja a de caráter mais amplo, relativa a escola e as políticas educacionais.

Estar, por exemplo, sintonizado com as políticas públicas em adoção no país, tendo conhecimento tanto daquilo que já está estabelecido há mais tempo quanto do que é mais recente, é de grande importância para gestores e professores. Conhecer as diretrizes que orientam a educação nacional, os parâmetros específicos de caráter regional ou local e, mais recentemente, estar por dentro do que é, de como está estruturada e acerca da aplicação da Base Nacional Comum Curricular, a BNCC, é algo imprescindível.

Entender os grandes exames nacionais como o Ideb e o Enem, por exemplo, é também algo precioso para todos os envolvidos no processo educacional. Somos, por vezes, negligentes quanto as políticas públicas em diversos setores da vida em nosso país, inclusive na educação e, não podemos agir assim, pois isso é prejudicial ao país e a cada um de seus habitantes. É necessário que, nas escolas, e na formação de professores, a legislação específica seja estudada com a devida atenção para que sua aplicação, melhoria ou correção possa ser implementada a partir da demanda dos próprios educadores.

Cursos sobre LDB, IDEB, ENEM, BNCC e outros assuntos de interesse podem ser contratados ou, ainda, acessados na rede mundial de computadores. Para selecionar cursos na internet, sobre esses assuntos ou outros, é preciso cuidados, como por exemplo, verificar a fonte destes cursos, os autores, as instituições e as bases de estudo propostas, como os materiais de apoio para que, sendo credenciados, possam ser usados nos horários de trabalho pedagógico, regulares nas escolas, para a formação dos profissionais, assim como, em grupos de estudo.

Estudar as novas metodologias, as tecnologias que estão invadindo as salas de aula, parte integrante do cotidiano de todos e, em especial dos alunos, é também algo a ser proposto e realizado. Metodologia de projetos, metodologias ativas, uso de tecnologias como a gamificação, a realidade virtual, a realidade aumentada, os ambientes virtuais de aprendizagem, os cursos em EAD, plataformas como o Google Educação, conjuntos de videoaulas curadas como aquelas oferecidas no YouTube Edu, recursos de aprendizagem personalizados que seguem o ritmo dos alunos como a Khan Academy, entre outras possibilidades, precisam ser conhecidas pelos profissionais da educação para que sejam, de fato, usadas nas escolas. Há uma demanda urgente dos alunos quanto a isso, não podemos adiar mais a introdução destas ferramentas nas salas de aula de todo Brasil.

Buscar cursos de especialização, ler muitos livros (em papel ou e-books), participar de grupos de estudo, aproveitar as formações oferecidas pelas escolas e redes de ensino, usufruir das parcerias que sua escola ou rede oferecem, fazer cursos online das melhores universidades do mundo em ambientes como o Coursera ou o edX, são possibilidades reais para todos os educadores e gestores de escolas.

É preciso se arriscar, testar novas possibilidades, inovar nas escolas e salas de aula. Não podemos nos omitir dessa grande tarefa e responsabilidade, por nossos alunos, pelo nosso desenvolvimento pessoal e profissional e por um mundo melhor.

Informações

Pular para o conteúdo