Diz o ditado que “perguntar não ofende”. Acrescento mais: além de não ofender, traz desafios, constrói conhecimento e é algo que nos torna mais seguros e experientes.
Em minha experiência com educação, ensinei alunos de diversas etapas de ensino: desde educação infantil, passando por ensino fundamental até ensino médio. Quando os alunos são adolescentes, querem “mandar nos próprios narizes” e construir seus próprios caminhos, questionam tudo, desde as coisas mais simples da vida cotidiana até valores mais rígidos, incutidos por pais ou professores. Para muitos, incluindo nós, professores, perguntas incomodam, como se as dúvidas de alunos “colocassem em cheque” nosso suposto saber indubitável. Penso, cá com meus botões, que tudo isso pode ser muito diferente.
Costumo dizer para aqueles que estão comigo nessa dádiva de ensinar que uma das maiores virtudes nessa viagem é constantemente questionar a mim mesmo se mais ensinei ou mais aprendi com meus alunos. Perdi a quantidade de dúvidas que me serviram como degraus para minha própria evolução no conhecimento e que me forneceram respostas que me fizeram ganhar mais segurança e experiência em minha profissão.
Aprendi com eles a sempre buscar mais, a pesquisar questões relativas aos conteúdos ministrados e também a saber mais sobre assuntos não diretamente vinculados ao currículo escolar. Aprendi com eles a ouvir outros tipos de músicas, a ler outros tipos de revistas, a jogar outros tipos de jogos, enfim, a ampliar meu repertório pessoal, o que vai muito além da experiência adquirida apenas por meio de livros.
Também aprendi com meus alunos a ter uma maior sensibilidade ao problema do outro, às diferenças. Quantos alunos que viviam situações distintas passaram pelas várias carteiras das várias salas de aula por onde estive, sejam situações de ordem financeira, afetiva ou social. Essa multiplicidade de contatos que experimentei me fez conhecê-los cada vez mais e, assim, adequar a forma de ensinar, de ser como professor e de adequar conteúdos curriculares para determinada coletividade e até às suas individualidades.
Acredito que nosso projeto de educação deve girar em torno do aluno e que é ele quem deve pautar nosso caminho para um futuro melhor. A diversidade e idiossincrasias dos alunos tornam nós, professores, profissionais melhores. Acredito também que é essa geração de jovens alunos que vai traçar nosso destino na educação e, se a “dúvida é o preço da pureza”, como diz a canção “Infinita Highway” da banda Engenheiros do Hawaii, vamos encarar suas perguntas como desafios e molas propulsoras de um crescimento e amadurecimento pessoal/profissional que, quem sabe, pode chegar bem mais cedo do que esperávamos.