Sala de aula vazia

– Olá, Sr. Jeitinho, como vai?

– Não muito bem, Sr. Gestão. Estou com um sério problema na minha (sic) escola. Estou tendo um número alto de evasão escolar.

– Evasão escolar? Isso é um grande problema, Sr. Jeitinho. Já fez algum diagnóstico para levantar alguns dos prováveis motivos que podem estar provocando essa evasão?

– Ah, Sr. Gestão, estou tentando dar um jeitinho. Esses dias, consegui detectar um dos prováveis motivos. Peguei um professor utilizando um jogo de tabuleiro na sua aula de Geografia, pode?

– Sr. Jeitinho, jogos na sala de aula são um dos principais métodos de ensino e aprendizagem nos dias atuais, além de um ótimo recurso didático para o engajamento dos alunos. Não vejo isso como um motivo que possa causar a evasão escolar.

– Mas Sr. Gestão, eles já jogam em casa. Para que jogar na sala de aula?

– Exatamente por isso, Sr. Jeitinho, que devemos incentivar e orientar nossos docentes a trazerem os jogos e outras tecnologias para a sala de aula como suporte didático, trazendo inovação e, como disse anteriormente, engajamento dos alunos. Além disso, precisamos também fazer com que o aluno perceba que a escola está adequada às demandas sociais e à realidade, preparando-o cada vez mais para o mercado profissional atual, e os jogos e as tecnologias permeiam o convívio e a cultura atual.

– Ah, Sr. Gestão, sei lá. Acho que os métodos disciplinares tradicionais e rígidos são mais adequados à sociedade atual. Oriento meus professores a serem mais rígidos com os alunos, evitando conversas e o uso de tecnologias como celulares em sala de aula.

– Sr. Jeitinho, como disse anteriormente, as Tecnologias de Informação e Comunicação devem ser adequadas à sala de aula e servir como suporte no aprendizado. Além disso, um regime disciplinar opressor torna o clima escolar desagradável, fazendo com que o aluno não se sinta bem na escola, possibilitando sua evasão. O ambiente escolar deve ser o mais agradável possível para a convivência entre os alunos, pois ele permanece várias horas na escola, e o clima e a cultura escolar são responsabilidade de todos nós, integrantes do processo educativo.

– Mas, Sr. Gestão, não é o professor quem manda na sala de aula? Não é ele e o quadro negro que devem ditar as normas? Não é esse o jeitinho certo de se fazer as coisas?

– Enquanto enxergarmos o professor exclusivamente como a figura mais importante no processo educativo, estaremos perdendo o foco principal: o aluno. Ele deve ser o centro das atenções. Vendo-os assim, estaremos comprometidos em trazer para a sala de aula aquilo que o atenda e que o capacite para encarar os desafios sociais e profissionais do mundo atual, e eles nos enxergarão como parceiros e mediadores na construção do conhecimento (leiam o texto Querido Aluno deste articulista). Não somos reconhecidos pela autoridade e nem pelo jeitinho, mas sim pelo respeito que adquirimos quando ensinamos nossos alunos e os inserimos como protagonistas no aprendizado.

– Ah, Sr. Gestão, e agora? Como reduzir a evasão escolar?

– A evasão escolar é um problema que vai muito além desses que abordamos aqui, Sr. Jeitinho. Os motivos podem ser vários, como distância da escola, carências sociais e financeiras, problemas na adolescência, dentre outros. No entanto, aqueles que nos cabem, devemos fazê-los para que consigamos reduzir esse grande problema que tanto prejudica a formação dos nossos futuros cidadãos. E, com certeza, Sr. Jeitinho, não cabe aqui nenhum jeitinho pra dar jeito, viu?

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