Como é bom ver os alunos engajados na sala de aula, não é mesmo? Envolvidos, motivados, interessados, participando e contribuindo para a construção do conhecimento mediados pela figura do professor. Como seria bom se essa realidade fosse constante, mas sabemos que no dia a dia não é tão maravilhoso assim…
Nós, professores, estamos diariamente buscando diversos métodos para atingir esse objetivo, utilizando-se de diversas propostas didáticas para que os alunos se envolvam cada vez mais no processo de aprendizagem, e estamos cada vez mais evoluindo e acertando. A prova disso são os depoimentos de professores e notícias diárias sobre a utilização acertada de metodologias ativas que contribuem para a formação de nossos alunos, ambientes mais lúdicos, envolventes, utilização de jogos e tecnologias dentro de diversas propostas pedagógicas. Junto a toda essa contribuição, um aspecto fundamental para que tudo isso funcione deveria estar impregnado na na figura daquele que ensina, que parece simples se não fosse tão complexo: a alegria de ser professor.
Simples, pois o ofício de ensinar já, por si, nos traz alegria, mas a complexidade se dá na necessidade diária de se matar um leão por dia, frente a todos os obstáculos que encontramos neste caminho, como a falta de valorização da figura do professor, baixos salários, falta de segurança, jornadas duplas, e por aí vai. Mas podemos concordar em um ponto: existe um aspecto que faz com que continuemos na batalha e enfrentemos todas essas adversidades com dedicação: quem (cidadão) ou o que (profissional) nosso aluno vai ser quando ele crescer.
Educar e cuidar desses alunos nos motiva a continuar e deve proporcionar a nossa alegria de ensinar, e esse contentamento perpassa pela nossa postura estética de encantar o aluno durante o processo de ensino. Não existe metodologia didática que funcione se o professor não está motivado. Essa motivação é nossa identidade estética que é transferida para o aluno durante nossa mediação no ato de ensinar, e o pior (ou melhor) é que não dá para fingirmos estar motivados. Alegria não se disfarça, se sente, é do coração para fora, é energia, é espiritual. Quando falo de identidade estética estou me referindo à figura do professor e a todos os atributos vinculados a sua postura. Além dessa alegria de ensinar, nosso perfil estético deve ser complementado por um comportamento ético, isonomia no trato com os alunos, postura justa, atitudes saudáveis, respeito ao linguajar e ao idioma, empolgação, entonação, criatividade, enfim, um conjunto de atributos que podem ser identificados inconscientemente pelo aluno e que podem servir de referencial para seu comportamento na sociedade. Dessa forma, podemos transferir alguns valores para o aluno e também preencher certas lacunas que ele pode trazer para a sua vida escolar de acordo com sua realidade dentro da família e da comunidade.
Sei que ser professor neste país não é viver em um mundo de conto de fadas. Longe disso, mas, como escrevi em artigo anterior (Querido aluno), encontrar alunos em um futuro próximo contribuindo para o avanço da sociedade como cidadãos éticos é motivo de muita alegria e alavanca propulsora para que nos encantemos na jornada com essa missão. E, ao encontrá-lo e sentir alguns valores imbuídos na sua identidade estética, podemos afirmar com muita convicção: ser professor vale a pena!