Como-as-escolas-podem-explorar-outros-espaços-além-da-sala-de-aula-para-promover-o-aprendizado

Por décadas, as salas de aula têm sido o principal ambiente utilizado para promover o aprendizado nas escolas. No entanto, as novas tecnologias e as habilidades necessárias para viver na sociedade atual revelam a necessidade de modernizar a educação, esta que, de certa forma, parece estar estagnada no século XIX.

 

Mas, como fazer isso? Existem diversas estratégias que podem ser adotadas pelas instituições de ensino com o objetivo de fugir do tradicionalismo pedagógico, constituído por longas cargas horárias, avaliações e conteúdos apostilados e implementar uma educação mais dinâmica e diferenciada.

 

Hoje, especificamente, iremos abordar como as escolas podem explorar outros espaços além da sala de aula para proporcionar o aprendizado aos alunos.

 

Exemplos de aulas diferenciadas

Pode ser considerada uma aula diferenciada aquela que ocorre em qualquer ambiente fora das salas de aula. Há diversas possibilidades, não só dentro como fora das instituições de ensino, que podem ser utilizadas pelos professores. Veja abaixo alguns exemplos de lugares onde as aulas diferenciadas podem ser aplicadas:

 

  • Laboratórios de informática, biologia e química;
  • Pátio da escola;
  • Quadra poliesportiva;
  • Gincanas escolares;
  • Feiras de ciência, português e artes;
  • Hortas e jardins;
  • No bairro ou em pontos turísticos da cidade;
  • Museus;
  • Zoológicos;
  • Excursões;
  • Estudo do meio.

 

Importância das aulas diferenciadas no processo de aprendizado

Captar a atenção das crianças e dos jovens de hoje dia com apostilas, lousa, apresentação de PowerPoint e lição de casa tem sido um desafio cada vez maior para os professores. Isso porque, a quantidade de aparatos tecnológicos disponíveis como smartphones, redes sociais e realidade virtual acabam, muitas vezes, se tornando mais interessantes do que o método de ensino tradicional.

 

O resultado desse descompasso entre a sociedade 4.0, as habilidades requeridas pelo mercado e o modelo de educação utilizado pela maioria das escolas é: alunos desinteressados e com níveis de proficiência abaixo do esperado em diversas matérias, como mostram os dados do Inep dos últimos anos.

 

Pensando nisso, as aulas diferenciadas podem ser uma ótima ferramenta para promover o aprendizado de uma maneira mais divertida e efetiva. De acordo o educador José Pacheco, “a aprendizagem só acontece quando ela é significativa; quando o aprendiz sabe porquê é que procura, porquê é que se informa, porquê é que produz conhecimento”. Ou seja, quanto mais as experiências educativas assemelham-se às situações reais da vida do aluno, mais fácil se torna a assimilação e a transferência do conhecimento.

 

Sair das salas de aula também traz outros benefícios, como:

 

Aproximação entre aluno e professor
Grande parte dos estudantes não se sentem à vontade em falar com os seus professores, seja por timidez, medo ou até mesmo falta de oportunidade. Sair do ambiente da sala de aula – local que reforça a relação de hierarquia e que pode ser intimidante para muitos – pode ser uma ótima forma de criar vínculos entre docentes e alunos, dando ao primeiro as ferramentas necessárias para compreender as diferentes necessidades de cada criança.

 

Estimulação de diferentes sentidos

Explorar outros espaços é importante para despertar certos estímulos que são inibidos pelo trabalho rotineiro de sala de aula. O lúdico auxilia na construção do conhecimento, além de contribuir para habilidades de observação e criatividade.

 

Aprender fazendo

Muitas vezes, os alunos sentem dificuldade em assimilar certos conteúdos que são passados em sala de aula porque são muitos abstratos. Ao ver a teoria na prática, o estudante passa de ouvinte para ser integrador do processo de aprendizado, ou seja, ele se torna autor do próprio conhecimento.

 

Participação dos alunos

As aulas diferenciadas são uma ótima oportunidade para promover a participação de alunos que são mais introspectivos na sala de aula, além de incentivar a convivência e o trabalho em grupo. Esse tipo de atividade é uma chance para que os estudantes possam conhecer melhor os seus pares e criar vínculos de amizade, tão importantes para a formação do indivíduo.

 

Como podemos ver as aulas diferenciadas podem trazer consequências positivas tanto do ponto de vista cognitivo como do socioemocional do aluno, tornando-os mais engajados e interessados na aula e no material.

 

Contudo, o ambiente onde o ensino ocorre não é o único fator que influencia na qualidade da aula promovida. Para que essa atividade seja produtiva, é preciso que haja um planejamento e organização por parte dos professores e da gestão escolar.

 

Desafios e cuidados que as escolas devem tomar ao aplicar

Realizar aulas diferenciadas pode ser muito divertido, porém, realizá-las não é tão simples quanto parece. Por mais que o professor queira criar oportunidades divertidas de aprendizado, muitas vezes elas esbarram em algumas dificuldades que não dependem só dele:

 

  • Ausência de espaço físico na escola;
  • Tempo disponível para planejar o conteúdo;
  • Logística (autorização dos pais, organização da atividade e agendamento);
  • Despesa com transporte e ingressos – quando as aulas diferenciadas são realizadas fora da escola;
  • Falta de recursos humanos para promover às atividades;
  • Conciliar passeios e aulas com o calendário de provas e conteúdo de apostilas;
  • Indisposição dos gestores escolares.

 

Além dos pontos citados acima, é importante que o professor planeje o conteúdo e a dinâmica da aula diferenciada, caso contrário, os alunos podem ficar dispersos e desinteressados.

 

Outro ponto essencial é não deixar que as aulas encerrem em si mesmas. O que isso quer dizer? Após realizar a atividade proposta, o docente deve promover exercícios que deem continuidade em sala de aula ao que foi visto na prática, através de debates, trabalhos em grupo ou projetos. Dessa forma, o conhecimento adquirido pode ser trabalhado de maneira mais aprofundada e o evento não é visto apenas como uma distração pelos alunos.

 

Vivemos em um mundo dinâmico que exige pessoas cada vez mais criativas, empáticas e autônomas. Assim como a indústria, o mercado de trabalho e as pessoas estão se adaptando. Portanto, é necessário que a educação acompanhe esse progresso, através de atividades que integrem os alunos no processo de ensino-aprendizagem.

 

Analisando sob esse ponto, talvez a pandemia esteja dando às escolas a oportunidade de explorar outros ambientes além da sala de aula, mostrando que o aprendizado – quando bem planejado – pode ocorrer em qualquer lugar.

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