Os escravos que vieram de diversas regiões da África, trazidos dentro dos porões dos navios negreiros para o Brasil na época da colônia, chegaram no país e foram para diversas regiões a trabalho nas fazendas de cana de açúcar, café, algodão e outras áreas da agricultura presentes no país naquela época.
A partir daí, a capoeira foi se tornando mais presente em três regiões do Brasil: Salvador – BA, Pernambuco – PE e Rio de Janeiro – RJ. Cada uma dessas regiões desenvolveu uma forma de capoeira.
Em Salvador, a capoeira tem o berimbau presente o tempo todo, no Rio de Janeiro, a capoeira tem a “malandragem”, principalmente na região da Lapa, onde os capoeiristas eram seguranças de políticos da época, sendo a única forma de trabalho que eles conseguiam depois do período de escravidão, e, em Pernambuco, com o passar do tempo, a capoeira foi se tornando o frevo e dando origem também a outras manifestações.
A capoeira nas instituições de ensino
A capoeira é a única arte genuinamente brasileira, declarada pelo então presidente da república Getúlio Vargas em 1937 depois que Mestre Bimba (Manoel dos Reis Machado) realizou uma apresentação para a equipe do presidente.
Ela vem ganhando espaços maiores na medida em que as pessoas conhecem os seus benefícios, e assim vai chegando no ambiente educacional. Desde 2003, com a Lei no 10.639 – artigo 26A, o ensino da história afro-brasileira se tornou obrigatório em todo o currículo escolar.
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A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) prevê que a Educação Física trabalhe com esportes, jogos, danças, brincadeiras e lutas, incluindo as culturas africanas, indígenas e a cultura tradicional.
A capoeira é um jogo que abrange todos esses aspectos, sendo uma prática globalizada. Além disso, é um esporte rico de cultura e de movimento corporal, e seus conteúdos ajudam na formação de pessoas capazes de conviver com as diferenças.
Competências gerais que o trabalho com a capoeira favorece no desenvolvimento dos alunos
Conhecimento
Um vasto conhecimento da história do Brasil através das músicas, das histórias, dos relatos dos mestres antigos. Esse conhecimento não se encontra em livros ou vídeos, e sim na conversa frente a frente.
Autoconhecimento e Autocuidado
Ter o autoconhecimento é saber até onde o seu limite vai chegar em um movimento, em um jogo, em uma brincadeira.
A roda de capoeira é um ambiente no qual todos os presentes – desde o mais novo até o mais antigo – estão aprendendo. Junto com isso também vem o autocuidado (primeiramente cuidando de si próprio) e, durante as atividades, também ajudando o colega e zelando pela integridade física dele, sendo que, em uma roda de capoeira, você joga “com o seu amigo” e não “contra ele”.
Usando esses princípios básicos e fundamentais, podemos desenvolver vários sentidos cognitivos e motores neste praticante.
Empatia e Cooperação
Colocar-se no lugar do outro é um assunto difícil de tratar, e dentro da capoeira sempre estamos trabalhando essa empatia, fazendo com que nossos alunos tenham essa visão de nos colocar no lugar do outro. Junto a isso vem a cooperação, quando precisamos de todos para que aconteça uma roda de capoeira.
Precisamos de pessoas para comandar os instrumentos, bater palmas, cantar, formar a roda e, com isso tudo, vem o desenvolvimento da cooperação até mesmo na hora de organizar a roda, para que não aconteça nenhum acidente, sempre tendo cuidado e zelo pelo colega que está ao lado.
As músicas, as danças, os jogos e as brincadeiras são elementos que compõe a riqueza de uma cultura e elementos indissociáveis da capoeira, transformando-a em um processo valorosíssimo de educação.
A Capoeira é um processo vivo, transdisciplinar, integrador e orientador de pessoas que convivem em uma sociedade, prontas para desenvolver suas condutas psicomotoras como: lateralidade, estruturação espacial, relação espaço-temporal, tempo de reação, coordenação-motora, ritmo etc.
Sempre fazendo com que as pessoas aprendam por elas mesmas, descobrindo seu corpo, seus limites e aflorando todas suas potencialidades, sem regras, mas sim princípios pedagógicos que venham ressaltar a criatividade própria.
Como forma de expressão máxima de liberdade, a capoeira colabora com o desenvolvimento pleno da criança e do adolescente por meio de sua prática educativa que valoriza o indivíduo, sua cultura e sua expressão lúdica. Que tal incentivar essa arte na sua escola?
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