Você já viu alguém planejar com afinco algo em que não acredita? O Planejamento é, sobretudo, um ato de fé e esperança, uma crença inabalável na capacidade de transformação e aprendizado dos alunos. Sem essa esperança, o planejamento perde sua essência e se transforma em um mero exercício burocrático, desprovido de alma e propósito.

Culturalmente, o planejamento não é o ponto forte dos brasileiros, o que torna ainda mais crucial a presença de uma crença positiva no futuro para que o planejamento faça sentido. Planejar é mais do que listar desejos e expectativas; é um processo que envolve análise de cenários, elaboração de estratégias e execução de planos de ação, tudo alimentado pela possibilidade e crença na realização. Essa crença é o combustível que move o planejamento, pois quanto mais acreditamos nos resultados positivos, mais nos empenhamos em planejar.

Para os professores, o início do ano letivo é um momento de reflexão e reavaliação. É hora de revisar conteúdos, metodologias e, principalmente, identificar o que os alunos já sabem e o que precisarão aprender. Este processo é profundamente influenciado pela crença de que a escola cumprirá seu papel de promover aprendizagens significativas. A esperança de que as aulas despertarão interesse e motivação nos estudantes é fundamental para que nos empenhemos em planejar aulas interessantes e motivadoras.

Preocupa-nos, porém, a autoestima média dos professores brasileiros, muitas vezes abalada por rankings internacionais e pela atenção insuficiente à educação. Para que o professor planeje de forma legítima e consistente, é necessário que ele esteja inspirado pela crença de que é capaz de ensinar e de que seus alunos são capazes de aprender. Este é o ponto crucial onde o planejamento pode falhar se não houver uma base sólida de autoconfiança que é um dos componentes da esperança.

Portanto, é essencial que os gestores educacionais e as políticas públicas reconheçam o valor da esperança no planejamento educacional. Investir na formação e no bem-estar dos professores, criar ambientes de trabalho colaborativos e oferecer suporte emocional são estratégias fundamentais para cultivar essa esperança. Afinal, sem esperança, não há planejamento que resista; mas com ela, qualquer desafio pode ser superado, e qualquer sonho, realizado.

Júlio Furtado é pedagogo e mestre em Educação, orientador educacional e escritor.

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