Menino escrevendo

No segmento que finaliza o Ensino Básico, o Ideb está estacionado, nas últimas 3 avaliações, realizadas em 2011, 2013 e 2015, a média atingida pelos alunos ficou em 3,7. Na última avaliação ficou em 3,8 – ou seja, não tivemos o crescimento esperado para o atual momento, estamos distantes da meta de uma média equivalente a 4,7, prevista para este ano e, com tudo isso, não há nenhuma esperança de que cheguemos a nota 5,0 em 2019, conforme planejado pelas autoridades.

Em se considerando que a escala de avaliação, ou seja, a régua do Ideb vai de 0 a 10, temos um desempenho sofrível no Ensino Médio brasileiro e, com isso, temos jovens terminando o ensino básico sem que tenham sido preparados minimamente para os desafios educacionais e profissionais que terão pela frente nos anos a seguir. Estamos constantando, hoje, com tristeza, que há muitos estudantes saindo da escola, ao final de anos de estudo no ensino fundamental e médio, sem que saibam ler, escrever ou ter proficiência e capacidade crítica para entender o mundo em que vivemos ou competir pelas vagas de trabalho locais, num mercado cada vez mais globalizado. Os dados atuais indicam que 7 em cada 10 alunos brasileiros do Ensino Médio tem nível insuficiente, para não dizer baixo ou baixíssimo, em português e matemática. Na prática, significa que seriam reprovados nestas áreas do conhecimento e, em se considerando que tais conhecimentos são basilares para todos os demais, que também não atingiriam o mínimo necessário em história, geografia, biologia, física, química e língua estrangeira.

O Ideb avalia o desempenho de alunos de escolas públicas e privadas localizadas em todos os estados do país e também no Distrito Federal, com a aplicação de provas de língua portuguesa e matemática, como parte do SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica) e também pautada na taxa de aprovação das unidades e redes escolares, com dados fornecidos pelas próprias escolas e pelo Censo Escolar.

O próprio ministro da educação Rossieli Soares da Silva, em depoimento quando foram publicados os últimos dados do Ideb afirmou que o Ensino Médio está estagnado e que a possibilidade de serem atingidas as metas previstas para 2020 são praticamente nulas.

O cenário quanto ao Ensino Médio é tão desolador que nenhum estado ou o Distrito Federal cumpriram as metas, com índices ainda piores para tal segmento em 7 unidades da federação – Amapá, Amazonas, Bahia, Pará, Rio de Janeiro, Roraima e São Paulo – quanto aos dados de 2015.

Em se considerando os dados brasileiros desde a primeira avaliação ocorrida em 2005, o Brasil não conseguiu atingir a média 4,0 em nenhum momento, ao longo destes 12 anos de aplicação do Ideb, passando de 3,4 para um máximo de 3,8. O pífio resultado revela o descalabro da formação básica brasileira e coloca nuvens negras no cenário nacional quanto a capacidade competitiva e, mesmo, civilizatória almejadas pelo país. Baixa educação significa trabalhadores desqualificados e subcidadania, que trazem como consequência, infelizmente, mais problemas de cunho social, relacionados a saúde, violência, desemprego…

No Ensino Fundamental, nos anos iniciais ou no Ciclo I, que vai do 1º ao 5º ano, por outro lado, a meta prevista pelo MEC para o Ideb 2017 foi atingida. A média nacional ficou em 5,8, considerando-se os resultados das redes pública e privada. Em se retirando os resultados das escolas particulares o que se percebe, no entanto, é que as redes e escolas públicas não atingiram a meta, que era de 5,5 pontos, atingindo apenas 5,2 quando considerados os resultados das redes estaduais e municipais. O resultado da rede privada de ensino no país ficou em 7,2 pontos.

Em se analisando os resultados deste segmento específico tivemos 8 estados com resultado acima da média, a saber: Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e São Paulo; por outro lado, 3 estados ficaram abaixo da meta, sendo eles: Amapá, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

No Ciclo 2 do Ensino Fundamental a média, no entanto, não foi atingida. Esperava-se que, em 2017, o rendimento médio ficasse na casa dos 5,0 pontos neste segmento e a média nacional ficou em 4,7. Somente 7 estados alcançaram o objetivo, sendo eles: Alagoas, Amazonas, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Pernambuco e Rondônia; por outro lado, Minas Gerais teve queda de rendimento quanto a provas anteriores. Há, novamente, uma disparidade entre ensino público e privado, com a média das escolas públicas (estaduais e municipais) sendo 4,7 e, das escolas privadas, atingindo 7,0 pontos.

Diante desse cenário, o que fazer?

Ao analisarmos a queda de rendimento de alguns estados e a subida de outros, é possível perceber que o problema não é, especificamente, regional. Temos quedas em todas as regiões do país, problemas localizados como no caso do Rio de Janeiro, onde praticamente todos os segmentos registraram resultados abaixo do esperado.

É preciso pensar em ações práticas, simples e pontuais, relacionadas a formação de professores, buscando apoio de professores mais experientes, utilizando ações de coaching, atualizando metodologias para que as aulas fiquem mais interessantes e sejam realmente propositivas para as novas gerações de estudantes, integrando e usando as novas tecnologias no cotidiano das escolas, fazendo com que os investimentos destinados as escolas cheguem – de fato – a sala de aula, profissionalizando ao máximo a gestão e aproximando as famílias, estudantes e comunidade em geral, das escolas e da educação.

Responsabilidade pública e civil são demandadas nesse momento difícil para que a educação brasileira evolua e atinja níveis mínimos de proficiência entre seus estudantes ao final do ciclo formativo básico, caso contrário, os custos sociais, econômicos e políticos ficarão ainda mais altos para todos.

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