Professor dando aula com equipamentos tecnológicos

Não tem aquela hora quando nós, professores, após toda aquela longa explicação teórica, todo aquele texto escrito na lousa, após despejar todo aquele repertório intelectual, o aluno vem com aquela atividade concluída e que não atende à nossa expectativa? A sala de aula não atinge a média de avaliação estimada? Por quê? O que está faltando? Onde foi que eu errei? Vamos abordar nesse artigo um dos possíveis motivos, dentro das tantas possibilidades.

Recentemente, conversando com colegas professores, vimos que continuamos com aquele problema ainda recorrente em muitas de nossas escolas: o professor continua se inserindo no processo de ensino-aprendizagem como o paladino do saber, ensinando seus alunos de cima do pedestal. Colocando-se como a figura mais importante na sala de aula, estufa o peito e, ignorando outros métodos que podem servir para intermediar e contribuir com o ensino, utiliza-se apenas de sua retórica para transferir o conteúdo programado. Cria-se então um dilema: vale a pena ir à escola apenas para ouvir o professor despejar o conteúdo? Aprender em casa não é mais interativo, prazeroso e interessante?

As TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) vieram para renovar esse processo com a proposta de tornar o ensino mais atraente, criativo e inovador para uma geração que tem a tecnologia fazendo parte do seu dia a dia, nas mais simples atividades do cotidiano, como compartilhar informações e se divertir. Com isso, cresceu o processo de incentivo e capacitação dos professores, tentando diluir a resistência de uma geração que não cresceu com a tecnologia, e esse investimento tem obtido avanços, quando não pífios, a passos de tartaruga. Motivos: ainda existem computadores em salas de aula sem utilização, projetores que nunca são ligados e um enorme desinteresse pelo uso de dispositivos digitais, jogos e brincadeiras, prejudicando o que poderia fortalecer o processo de ensino-aprendizagem e a construção do conhecimento. Como descrito no parágrafo anterior, talvez todos esses recursos sejam ignorados, pois o professor também acredite que sua figura será diminuída pelo uso desses dispositivos, incluindo sua própria dificuldade de inseri-los no cotidiano escolar, talvez por resistência, falta de motivação e comprometimento.

Concorremos hoje (entendendo o verbo concorrer como procurar atingir simultaneamente um mesmo objetivo) com Youtubers, Gamers e outras feras da modernidade. O professor precisa valer-se a pena, justificar-se, fazer a diferença e, assim, atrair o aluno, tornando-se um mediador no processo de capacitação. E é dessa forma que ele se destacará, tornando-se um importante instrumento no processo de aprendizagem. Mediar é fazer parte, construir junto e facilitar o aprendizado, dando autonomia ao aluno na busca do conhecimento. Participando, o aluno interage e, interagindo, foca na atividade e deixa para fora da sala de aula seus possíveis problemas externos que possam atrapalhar sua aprendizagem. E, para começar, é necessário que desçamos do pedestal e tracemos um objetivo que coloque o aluno com o protagonista principal e nós como personagem secundário. Caso contrário, podemos nos tornar o grande vilão dessa história.

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