– Mãe! Mãe! Mãe!
– O que foi, meu filho?
– Brinca comigo?
– Agora não posso, estou respondendo uma mensagem.
– Mas é só um pouquinho…
– Já falei que agora não dá!
– Mãe, conta uma história pra eu dormir?
– Ah, filho, estou muito cansada. Hoje o dia foi muito cheio. Vamos deixar para amanhã.
– Pai, posso assistir meu desenho preferido com você?
– Agora não dá, filho. Tá na hora do jornal.
– Mãe, tive um pesadelo, tô com medo. Posso dormir com vocês?
– Você já tá bem grandinho e pode dormir sozinho.
– Mãe!
– O que foooooooooooi?
– Amanhã é o primeiro dia de aula. Você vai comigo pra escola?
– Não posso, filho. Estarei muito ocupada no trabalho. Vê com o seu pai.
– Pai, vamos andar de bicicleta?
– Hoje não dá, filhão. Estou muito cansado.
– Mãe, você me ajuda na lição de casa?
– Logo hoje, filho. O capítulo final da novela tá imperdível. Não posso deixar de assistir.
– Mas, Mãe, tenho que entregar amanhã.
– Não dá. Tenta fazer sozinho.
– Pai, o que eu devo ser quando eu crescer?
– Deixa pra decidir quando você crescer, filho.
– Pai, terminei o ensino médio e estou com muita dúvida sobre qual carreira seguir, você me ajuda?
– Eu acho que você já tem maturidade suficiente para saber o que quer. Pode escolher sozinho.
– Mãe, vou trazer meu namorado aqui em casa amanhã pra vocês conhecerem. Pode ser?
– Amanhã não estarei aqui. Tenho um compromisso inadiável. Deixa pra depois.
– Pai, estou muito feliz, consegui meu primeiro emprego.
– Bom.
– Mãe, cheguei, fiz hora extra hoje.
– Zzzzzzzz…
– Ah, já tá dormindo. Que pena!
– Filho!
– O que foi mãe.
– Levanta. Você anda muito quieto.
– Não sei, mãe. Sinto uma tristeza que parece que não acaba nunca.
– Mãe! Acorda!
– O que foi, meu filho.
– Me ajuda?
– Sim, meu filho. Vou fazer tudo que puder para te ajudar.
– Me tira daqui! Não quero mais frequentar essa clínica.
– Mãe? Por que você tá chorando?