Pessoas sorrindo e batendo as mão juntas

Quando um novo currículo vai ser implementado na escola, um erro é muito comum. A preocupação em torno das concepções pedagógicas, dos conteúdos e das competências que vão compor esse currículo é tão grande que quase ninguém se lembra de um elemento essencial para o sucesso do documento na prática: a formação continuada para a implementação dos novos currículos.

Quer conhecer o currículo paulista? Veja 4 tópicos para compreender a estrutura do documento!

Veja bem, são os professores que fazem o currículo acontecer no dia a dia, na sala de aula. Se eles não estiverem adequadamente preparados, aquele documento permanecerá apenas uma folha de papel, sem uma relevância maior para a escola e a comunidade escolar.

Nesse artigo, vamos explorar um pouco mais a importância da formação continuada para a implementação dos novos currículos e como ela pode ser promovida.

Importância da formação continuada

É por meio da formação continuada que o professor se atualiza e se qualifica cada vez mais. Além disso, ela permite que ele se alinhe com a gestão da escola e com as diretrizes adotadas, inclusive o currículo.

Perceba que o professor pode ter outras experiências passadas, com outras instituições, que adotavam práticas diferentes. A formação continuada é a maneira mais simples de ajudá-lo a entender até que ponto essas experiências podem ser aproveitadas na escola atual e em que pontos elas divergem.

Sem a formação continuada, o professor pode até cumprir seus planejamentos muito bem e dar aulas de qualidade. Porém, não existe garantia de que essas aulas vão estar em coesão com a visão da escola e com os objetivos que ela pretende atingir, não apenas com aquela sala ou aquele ano para o qual o professor ensina, mas no processo educacional de ponta a ponta (visão e objetivos que, não custa lembrar, são a essência do currículo).

Premissas da formação continuada de qualidade

O planejamento e a execução de uma formação continuada de qualidade são marcados por cinco premissas de qualidade. Elas são:

  • Regime de colaboração: a colaboração entre estados e municípios pode viabilizar mais recursos para que a rede pública desenvolva ações de formação continuada
  • Continuidade: as ações não devem ser pontuais, mas sim contínuas, para que seja possível haver reflexão e mudança
  • Formação no dia a dia da escola: além das ações de formação continuada específicas, todas as interações entre corpo docente e secretaria / gestão escolar devem visar a qualificação desses profissionais
  • Coerência: a formação deve ser coerente com a realidade vivida pelo professor, as condições que ele encontra na escola
  • Uso de evidências: as propostas de formação continuada devem ser aprimoradas de acordo com as evidências do desenvolvimento dos professores, como as devolutivas dos pais e alunos

Como promover a formação continuada

Secretaria e gestão escolar devem ter clareza sobre a importância da formação continuada para a implementação dos novos currículos. Somente assim, poderão tomar medidas concretas para promover essa educação.

Dentre essas medidas, a primeira é definir quais serão os temas da formação continuada e, claro, quais desses temas serão prioridade. Nessa lista, necessariamente vão aparecer o estudo do currículo e do PPP e a reflexão sobre formas de ensinar. Todo professor precisa conhecer esses temas com profundidade.

Outros assuntos que merecem ser abordados são interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, ensino híbrido, educação integral. Resumindo, todos aqueles que podem ser exigidos do professor para que ele trabalhe de acordo com o currículo que a escola adota. 

Depois de definir os temas, um calendário também se faz necessário. É ainda mais interessante que esse calendário seja compartilhado entre as escolas do município, da região e até mesmo do estado. Assim, o corpo docente de uma escola pode comparecer ao evento de outra, que aborde um tema do seu interesse.

Em alguns casos, o evento de formação continuada pode interessar também à comunidade em geral, e não apenas aos professores. Desta forma, além de disseminar informação, a escola também fortalece os laços.

Outra medida necessária é determinar os recursos – humanos, materiais, financeiros – que serão necessários para realizar a formação continuada nos temas escolhidos.

Uma questão básica, por exemplo, é quem será responsável por ministrar a palestra, workshop ou minicurso. Em alguns casos, o responsável pode ser um profissional qualificado da própria escola. Em outros, cabe convidar um especialista para falar. 

Naturalmente, também é preciso considerar qual estrutura a atividade pede, seja em termos de espaço (um auditório ou uma sala, por exemplo), de equipamentos (computadores, projetores) e até de materiais (textos para leitura). Por fim, se a atividade exigir um investimento mais significativo, deve-se avaliar sua compatibilidade com o orçamento e o caixa da escola.

Sem dúvida, a formação continuada para a implementação dos novos currículos deve ser uma prioridade da secretaria e da gestão escolar. Do contrário, todo esforço necessário para a elaboração do currículo nunca chega a se converter em melhorias concretas no ensino. 

Informações

Pular para o conteúdo