Crianças brincando, aprendendo de forma coletiva, interagindo com seus colegas, atividades extracurriculares em grupos, todos saindo ao mesmo tempo ao sinal da escola, entre tantas coisas boas que o cenário escolar nos propiciou até então. E agora, como será? De fato, uma nova organização social na escola trará novos desenhos coreográficos, algo que retrate um novo movimento dentro na escola.
Quase toda a população mundial foi afetada com o afastamento das crianças e adolescentes das escolas. Estima-se algo em torno de 190 países e 1.5 bilhões de estudantes. A maioria das escolas adotou os métodos de educação a distância com o uso de aulas ao vivo e/ou gravadas, exercícios on-line, aulas interativas e aplicativos. No entanto, esse modo ainda é muito desafiador a grande parte da comunidade escolar: alunos sem equipamentos e acesso à internet, auxílio às crianças pequenas pelos pais que estão em home office em sua maioria, adaptação aos materiais e formas digitais de aprendizagem, o não treinamento devido para o uso das ferramentas virtuais, entre outros.
E vale uma parabenização aos educadores que de um dia para o outro tiveram de fazer um grande esforço para reorganizarem os conteúdos, conheceram minimamente as ferramentas de aprendizagem a distância etc.
Como será a retomada das aulas
Ainda há muitas incertezas nos âmbitos da saúde, política, economia e educação, mas é essencial que as escolas estejam organizadas para o retorno às aulas, sendo um processo de muita atenção considerando as normas e protocolos para a proteção de todos.
Em alguns países que já tiveram as aulas retomadas, algumas medidas foram destacadas:
- Limitação de alunos por sala de aula com distanciamento de 1,5 a 2 m;
- Uso de máscaras durante as aulas;
- Simulações e educação às boas práticas de higiene;
- Salas mais ventiladas e com menos mobílias;
- Escalonamento/rodízio de alunos em dias específicos na semana;
- Higienização dos espaços com mais frequência;
- Medição da temperatura dos alunos na entrada das escolas;
- Acesso limitado de pessoas nas escolas, deixando de forma quase exclusiva aos alunos e funcionários;
- Rotas e trajetos específicos dos alunos na escola e;
- O não compartilhamento de alimentos durante a presença na escola, entre outras ações.
Ou seja, nasce um novo movimento e dinâmica coreográfica nas escolas.
Diante desse cenário, a situação é complexa e os desafios são enormes, e a escola deverá se apoiar em diversas áreas – educação, assistência social e saúde.
E como fica a aprendizagem?
Pensando em um possível programa de recuperação de aprendizagem, alguns pontos devem ser considerados: avaliação diagnóstica inicial e acompanhamento frequente do nível de aprendizado. Formado por turmas menores, os alunos deverão ter acompanhamento mais personalizado de acordo com suas necessidades; e a pauta não somente focada no conteúdo mas também na educação socioemocional e atenção aos aprendizes e educadores.
A escola, em sua maioria, é lembrada por uma arquitetura rígida composta por ações disciplinadoras e de organização social da criança nesse espaço. E agora isso será mais ainda enaltecido (infelizmente!).
Na retomada, será o momento de valorizar e cuidar das emoções das crianças e educadores; impulsionar conteúdos que valorizem o movimento e as artes; incentivar a educação por projetos e a educação digital de forma sistemática; o contato com a natureza e outros espaços antes menos valorizados; e por fim dar voz e escuta aos alunos.
Uma nova configuração chegou e devemos estar preparados para entender, aceitar e viver em harmonia!