As escolas de Educação infantil vêm sendo cada vez mais necessárias na formação da criança, aliando-se a outros lugares, como a família, comunidade e demais instituições.
A criança na atualidade passa a ser protagonista na consolidação da infância e na oportunidade das escolas de não serem mais organizações com foco apenas no assistencialismo, e sim em promover oportunidades de aprendizagem para a vida, extrapolando os muros da escola.
E sobre a retomada das aulas na atual situação, o que fazer? Eu poderia aqui discursar sobre a nova coreografia social da escola, bem como mencionar sobre os protocolos e necessidades de retorno. Entretanto vou dar foco e vez a duas necessidades reais para o próspero momento – o adaptar e o acolher!
O Adaptar e o Acolher no retorno às aulas da Educação Infantil
Acolher as famílias em sua diversidade e acolher as crianças em suas singularidades são atitudes fundamentais para a efetivação do trabalho da escola (FARIAS, 2015). Cada criança, ao chegar na escola, já carrega em si uma história e experiências sobre o mundo.
A adaptação e o acolhimento estão interrelacionadas e devem ser priorizadas nesse momento. A adaptação é um processo construído entre os pares educativos (pais, crianças, professores e escola), a qual acontece pela criança por um ajuste e acomodação das ações determinadas, se fazendo assim de um grande esforço para o seu bem-estar no espaço social e coletivo, e por muitas vezes desconhecido.
Sim! É um novo espaço. E acreditar na adaptação é trazer as novas relações, limites e regras para a nova escola. Para que esse esforço seja mais organizado e “tranquilo”, o acolhimento e a afetividade deverão prevalecer.
O acolhimento consiste em fazer a criança se sentir bem, segura, amada e protegida à nova estrutura, valorizando a socialização e as trocas entre educadores e crianças.
E sobre a afetividade? É na família que a criança inicia os primeiros contatos afetuosos e as formações de vínculos, e posteriormente isso acontece no âmbito social. Ao ingressar na vida escolar, a criança é permitida a descobrir sobre o mundo, os outros e os objetos, passando a interagir e adquirir conhecimento. O desenvolvimento social age sobre o desenvolvimento afetivo e cognitivo (ALCÂNTARA; NASCIMENTO, 2017).
Dicas para o bem adaptar e acolher das crianças pequenas na retomada
– Realize reuniões com os pais a fim de apresentar os novos caminhos, protocolos e organização da retomada, buscando o bem-estar de toda a comunidade escolar;
– O acolhimento deve ser realizado todos os dias pelos educadores responsáveis;
– Estabeleça a rotina no cotidiano da escola;
– As primeiras impressões de acolhimento serão referências para as demais relações;
– Para muitas crianças, o uso de objetos transicionais pode ser interessante para essa fase, como cobertores, ursinhos e outros;
– Incentive o brincar em todas as suas esferas, sendo uma experiência criativa. É uma forma básica de viver, universal e que facilita o crescimento grupal;
– É essencial que os educadores incentivem as crianças a expressarem seus sentimentos nas atividades propostas e no círculo social;
– Oferecer colo e acalanto são essenciais nos momentos de choro e de insegurança da criança;
– A escola deverá estabelecer relação com a família sempre em momentos oportunos, como antes da retomada das aulas, a fim de buscar informações sobre a criança e seu dia-a-dia;
– Os espaços ao ar livre como os jardins, os pátios, as caixas de areia, e os cantos lúdicos da escola podem ser lugares de acolhimento e incentivo ao sorriso e à paz;
– Inicialmente, organize atividades já conhecidas das crianças, despertando assim a memória afetiva e a relação com algo positivo já vivenciado na escola;
– O educador deverá atuar como facilitador e mediador das ações educativas e de aprendizado com as crianças;
– Tenha atitude positiva e exponha mensagens de boas-vindas em toda a escola.
E os educadores? Para eles eu tiro o meu chapéu, pois se reinventaram em meio a um caos, determinaram a si novas tarefas educacionais no modo on-line, e tiveram que lidar com o afastamento quase que permanente do seu trabalho real – o educar nas escolas.
Acredito muito na educação digital, e essa deverá ser cada vez mais estudada, vivenciada e avaliada. Estamos no século XXI, mas esse processo foi acelerado com toda a pandemia, e a grande maioria não teve suporte, organização ou incentivo para aproveitar com todo o rigor e prazer o novo sistema imposto! A vocês, educadores, a minha reverência.
Por fim, a adaptação e o acolhimento são ações associáveis e transversais, ou seja, devem estar presentes no dia-a-dia de toda a escola, dinamizadas pelos educadores, gestores e demais colaboradores.
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Referências
ALCÂNTARA, A. M. D.; NASCIMENTO, A. D. O afeto no processo de adaptação e acolhimento: uma visão Winnicottiniana. Revista Educação. v.12, n.1. 2017 (ESP).
COX, M. J. Transições escolares/prontidão escolar: um resultado do desenvolvimento na primeira infância. Enciclopédia sobre o Desenvolvimento na Primeira Infância, fev. 2004.
FARIAS, F. C. Pode entrar a casa é sua! O acolhimento na educação infantil e a relação família- escola. Educere – XII Congresso Nacional de Educação. 2015.