Mulher de óculos com mão no queixo e sorrindo

A pedagogia de projetos invadiu o cotidiano de grande parte das escolas brasileiras. Na era dos games e da internet, das mensagens coloridas e rápidas, dos textos curtos e movimentados em flash, da interatividade e da globalização, projetar significa apostar em uma educação dinâmica e não continuar a manter o ritmo dos professores conteudistas com longas falas e cópias infindas.

As crianças já nascem “plugadas”, conectadas, com múltiplos olhares e sentidos aguçadíssimos. Chegam à escola ávidas por novidades, por interação, desejam explorar tudo e todos. Ainda não sabem ler, mas navegam nos diferentes sites e, se não têm acesso à internet como meio de comunicação, são criadas em ruas movimentadas onde os estímulos variados criam nelas uma esperteza peculiar.

No Brasil, o trabalho com projetos ganhou força com a influência da educação espanhola, através dos autores Fernando Hernandez e Miguel Zabalza. Suas obras e propostas impulsionaram a busca por aulas contextualizadas e menos fragmentadas.

Se a metodologia baseada em projetos é mais atraente aos alunos, igualmente estimula os professores, movimentando-os, levando-os a romper a rotina mecânica de livros didáticos e buscar novas ideias, soluções alternativas, criativas e inovadoras. Motiva-os a pesquisar novas fontes, ler diferentes gêneros, manter o olhar atento ao que pode ser útil em sua empreitada.

Neste sentido, há uma pessoa que ocupa um papel relevante, aquela quem propicia que a equipe docente planeje e execute projetos criativos e dinâmicos: o(a) pedagogo(a) escolar.

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A importância do pedagogo escolar

Muitas vezes é através da coordenação pedagógica que os professores desenvolvem uma das competências fundamentais: planejar, organizar e dirigir situações de aprendizagem.

Quando a coordenação estimula e fornece subsídios ao movimento de projetar, o resultado é uma pedagogia mais dinâmica, centrada na criatividade e na atividade discente, numa perspectiva de construção do conhecimento pelos alunos, mais do que na transmissão de conteúdo pelo professor.

São comuns relatos de professores que se acomodam e não desenvolvem projetos por falta de apoio de seus coordenadores. Em contrapartida, um trabalho eficaz baseado em projetos é refletido na postura dos educadores, tornando-se um desafio, uma forma de repensar a escola e o currículo, a prática pedagógica em si.

Defino como Educadores todos os profissionais que atuam no contexto escolar. Um projeto bem-sucedido envolve a todos, desafia a todos, reorganiza os espaços e modifica o jeito de pensar e de agir dentro da instituição.

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O caminho para um projeto de sucesso

A função do projeto é a de tornar a aprendizagem real e atrativa, tornando a escola um espaço agradável, sem impor os conteúdos programáticos autoritariamente. Assim, o aluno busca e consegue informações, lê, conversa, faz investigações, formula hipóteses, anota dados, calcula, reúne o necessário e converte tudo isso em ponto de partida para a construção e ampliação de novas estruturas cognitivas.

Dentro dessa perspectiva, os conteúdos disciplinares, antes teóricos e abstratos, deixam de ser um fim em si mesmos e passam a ser meios para ampliar a formação dos alunos e sua interação com a realidade, de forma crítica e dinâmica, possibilitando o desejo de continuar aprendendo ao longo da vida.

Nos ambientes escolares crianças com apenas três anos estudam Monet e cozinham, cantam e dançam tanto ao ritmo de Carmem Miranda quanto de Mozart e ainda escutam histórias da literatura de cordel. Não há mais espaço para a mera repetição, para a decoreba sem fundamento, para a história mal contada. Todo o conhecimento é uma espetacular surpresa. A pesquisa é crucial e a participação da família é valorizada e benquista.

Assim, o aluno chega ao Ensino Médio sabendo ter acesso às inúmeras informações, mas acima de tudo, sendo capaz de analisá-las e gerenciá-las dentro de um contexto, firmando-se em um agente transformador da sociedade, cidadão reflexivo e atuante.

Na execução dos projetos, fica explícita a possibilidade de mobilizar diferentes áreas do conhecimento para atingir os objetivos traçados e resolver os problemas que surgem. A interdisciplinaridade ocorre naturalmente, gerada por uma necessidade real.

O renascer de Dewey e sua pedagogia ativa faz-nos ver uma luz no fim do túnel. Uma chave para o sucesso. Uma alternativa para educar significativamente as crianças e os adolescentes de hoje. Todavia, sem a figura motivadora do(a) pedagogo(a), sem a sua colaboração, os projetos não têm a mesma força.

Para Gardner, não adianta elaborar projetos maravilhosos de se ver, mas distantes da realidade que se ensina nas escolas, ou mesmo desligados dos assuntos escolares. Como também não adianta um projeto perfeitamente planejado que fica restrito ao registro no papel e na prática não acontece.

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As responsabilidades do pedagogo

Uma coordenação pedagógica atuante saberá o momento de intervir, orientar, mostrar possíveis caminhos e reunir esforços para que o projeto seja real, que promova uma jornada de descobertas aos alunos.

Os projetos de trabalho não se inserem apenas numa proposta de renovação de atividades, tornando-as mais criativas. Vão além: fazem parte de uma nova concepção de educação que exige um repensar da prática pedagógica e das teorias que a estão embasando.

É fundamental à escola ser um espaço de formação e informação, onde a aprendizagem de conteúdos necessariamente favoreça a inserção do aluno no dia a dia das questões sociais marcantes e em um universo cultural maior.

A formação escolar deve propiciar o desenvolvimento de capacidades como as de relação interpessoal, as cognitivas, afetivas, motoras, éticas e estéticas, de modo a favorecer a compreensão e a intervenção nos fenômenos sociais e culturais. Isto só se torna possível mediante o processo de construção e reconstrução de conhecimentos.

O trabalho com projetos é riquíssimo, mas para ser realmente eficaz espera-se muito dos professores, logo cabe ao pedagogo o gerenciamento, ele é o elo, o grande responsável por auxiliar a equipe docente a:

  • contextualizar os conteúdos articulando-os nas diferentes disciplinas;
  • diversificar as atividades, utilizando novas metodologias, estratégias e materiais de apoio;
  • dominar tecnologias que facilitem a aprendizagem dos alunos;
  • acolher e respeitar a diversidade, utilizando-a pra enriquecer sua aula;
  • manejar bem a classe sabendo lidar com imprevistos;
  • administrar seu desenvolvimento profissional criando planos de estudo e trabalho;
  • envolver-se nas questões da escola, desempenhando outras funções alem das tradicionais da sala de aula;
  • trabalhar em equipe;
  • estabelecer uma parceria constante com os pais e a comunidade.

A pedagogia de projetos pode não ser a solução para todos os problemas educacionais de nosso país, mas, certamente, é um grande avanço, uma mudança significativa, que dá conta de alguns objetivos educacionais com maior profundidade, em particular: o desenvolvimento da autonomia intelectual, o aprender a aprender, o desenvolvimento da organização individual e coletiva, bem como a capacidade de tomar decisões e fazer escolhas com o propósito de realizar pequenos ou grandes projetos pessoais.

Não é um trabalho fácil, mas possível e bastante gratificante. Um trabalho que não se faz sozinho, se realiza em conjunto e depende da coordenação sensível, porém firme do pedagogo.

Por tudo isso, é notória a relevância do cargo que ocupa o Pedagogo escolar, em especial o que atua na Coordenação Pedagógica. A quem hoje dedicamos o presente artigo e reverenciamos agradecidos.

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