Crianças com Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD), possuem habilidades acima da média em uma ou mais áreas, como inteligência, criatividade, liderança, artes ou desempenho acadêmico. No entanto, essas crianças podem enfrentar desafios emocionais, sociais e pedagógicos que requerem uma abordagem específica. Elas apresentam características como curiosidade intensa, questionamentos frequentes, raciocínio lógico avançado para a faixa etária, aprendizagem rápida, facilidade para reter informações, alta sensibilidade emocional e social e hiperfoco em áreas de interesse.

De acordo com o Ministério da Educação (MEC), cerca de 0,5% a 3% da população escolar apresenta AH/SD. Reconhecer e atender às necessidades dessas crianças é fundamental para evitar problemas como desmotivação, isolamento social ou subdesempenho acadêmico.

Seguem algumas orientações práticas para pais e professores que lidam com essas crianças em prol da promoção de um ambiente de apoio e desenvolvimento integral.

Para pais:

  1. Reconheça e valorize o potencial da criança: a superdotação não deve ser vista como uma obrigação para que ela alcance resultados extraordinários, mas como um diferencial que merece estímulo e cuidado.
  2. Proporcione estímulos adequados: ofereça oportunidades para explorar áreas de interesse, como oficinas, cursos, atividades extracurriculares ou materiais avançados que desafiem o intelecto da criança.
  3. Equilibre estímulos e lazer: evite sobrecarregar a criança com expectativas ou compromissos excessivos. Assegure momentos de lazer e interação social para que ela também possa desenvolver as habilidades socioafetivas.
  4. Ajude na regulação emocional: crianças com AH/SD podem ser mais sensíveis a críticas e frustrações. Ensine-as a lidar com suas emoções e a encontrar estratégias para resolver conflitos.
  5. Estabeleça uma relação com a escola: dialogue com os professores sobre as necessidades específicas da criança e trabalhem juntos para planejar intervenções pedagógicas personalizadas.
  6. Promova interações sociais: encoraje a participação em grupos que compartilhem interesses semelhantes e ajude a criança a desenvolver a empatia e habilidades de convivência.

Para os professores:

  1. Identifique sinais de AH/SD: observe as características da criança e, ao suspeitar de superdotação, oriente a família a buscar uma avaliação especializada com um neuropsicólogo.
  2. Adapte a abordagem pedagógica com enriquecimento curricular: proporcione atividades extras que estimulem a criatividade e o pensamento crítico.
  3. Analise a possibilidade e/ou benefícios da aceleração parcial: considere permitir que a criança avance em determinadas disciplinas quando demonstrar domínio.
  4. Estimule a curiosidade e autonomia: promova projetos individuais, pesquisas e atividades abertas que permitam à criança explorar seus interesses de forma independente.
  5. Fomente a inclusão: trabalhe para criar um ambiente inclusivo, evitando estigmatizar a criança por suas habilidades. Incentive o respeito e a colaboração entre os colegas de classe.
  6. Ofereça desafios proporcionais: tarefas muito fáceis podem desmotivar crianças com AH/SD, enquanto tarefas excessivamente difíceis podem frustrá-las. Encontre o equilíbrio.
  7. Mantenha-se atualizado: busque formações específicas sobre AH/SD para compreender melhor as necessidades dessas crianças e aprimorar suas práticas pedagógicas.

Lidar com crianças com AH/SD é um desafio enriquecedor para pais e professores. O sucesso no desenvolvimento dessas crianças depende de uma abordagem que equilibre estímulos cognitivos e apoio emocional. Ao promover um ambiente acolhedor e estimulante, essas crianças podem desenvolver todo o seu potencial e se tornarem adultos realizados e conscientes de suas capacidades.

Daniela Barreto de Oliveira Ferreira é Mestre em Educação, Pedagoga, Neuropsicopedagoga, Psicopedagoga, Especialista em Neurociência e Análise do Comportamento Aplicada (ABA), CEO do Instituto Neuroestar, do Consultório Cognitivo e criadora do Neuroestarcast.

Informações

Pular para o conteúdo