decorações juninas coloridas com uma mulher usando chapeu de palha

Vamo começa o arraiá, meu povo! Os meses de inverno trazem consigo os festejos que exaltam as comidas típicas, a simplicidade do povo, a fogueira que aquece o corpo e as danças que lembram nossa tradição rural. As festas juninas – e julinas – são uma das comemorações mais tradicionais nas escolas Brasil afora. E, para promover uma festa bonita e animada, as escolas se organizam com muita dedicação, recebendo os familiares dos alunos em um ambiente com decoração colorida, danças impecáveis, corpo docente, funcionários e alunos caracterizados como “caipiras” e, é claro, muita vivacidade e alegria próprias das festas de escola. A temática, no entanto, pode ir muito além da festa, contribuindo para uma formação integral do aluno, dando maior significado à comemoração e aproveitando a festividade como prática pedagógica. Para muitos alunos, a comemoração é sinônimo de fechamento do semestre; para outros, é uma oportunidade de se divertir com a presença da família na escola. Mas qual é o real sentido da festa junina/julina? Em que contexto surgiu? É preciso dar sentido a essas festas, oferecendo ao aluno conhecimentos sobre suas origens; suas características; ensinando nas aulas de história e geografia de onde veio a tradição, onde a festividade é mais popular, incluindo no aprendizado temas como imigração e a influência indígena nas comidas típicas.

Muitos alunos esperam as comemorações nas unidades escolares com o intuito de poderem colaborar de maneira significativa. Assim, quando o professor de arte propuser a confecção da decoração e os alunos se propuserem também a fazer peças de teatro e danças, estarão ativamente envolvidos no projeto. Os alunos podem aprender também sobre as influências artísticas de uma determinada época ou região, obtendo informações sobre cultura e sociedade.

E como trabalhar a Matemática na festa junina/julina? E a Língua Portuguesa? Muitos professores se deparam com os desafios de aliar o conteúdo proposto em currículo com a comemoração. Para tanto, é bem possível aliar o conteúdo trabalhando as proporções das receitas típicas juninas, ou a necessidade da organização de quitutes suficientes para atender a todos os convidados ou ainda explorando a linguagem rural, realizando pesquisas sobre a cultura popular e a influência na linguagem informal, elaborando cartazes e outros meios de divulgação, compartilhando com os alunos o gênero textual adequado. Enfim, existem muitas possibilidades de explorar a festa junina/julina para torná-las parte do aprendizado e não meramente uma comemoração da escola.Normalmente os familiares participam da festa junina e fazem questão de caracterizar a criança para a comemoração. É tempo de tirar muitas fotos com a família, que irão para álbuns e postagens nas redes sociais. E é nesse momento que a escola pode se aproximar da família, criando momentos em que familiares e alunos podem, juntos, aproveitar o festejo.

Com as crianças menores, a escola pode promover a confecção de chapéus e aventais juntos aos alunos e familiares. Já com os alunos maiores, a escola pode promover a leitura de músicas típicas, realizando jogos de investigação sobre autor/cantores/trechos da música e época em que a música foi lançada.
Além disso, a escola pode obter a participação ativa da família na confecção dos quitutes da festa, na fotografia dos alunos, nas prendas oferecidas, entre tantas outras atividades, tornando mais próximo o relacionamento entre família e escola, fazendo com que se sintam inseridos e ativos na vida escolar de seus filhos.
Introduzir as competências na BNCC no projeto “festa junina”

Se conseguirmos obter a participação ativa do aluno, podemos ainda aliar o aprendizado à nova Base Nacional Comum Curricular, explorando itens como:

  • Uso de recursos tecnológicos – pode ser criado um blog com as receitas típicas da festa junina/julina;
  • Investigação acerca da cultura, sociedade e aspectos históricos – a influência das culturas europeia e brasileira na festa junina/julina;
  • Explorar a diversidade cultural, deixando de lado a caricatura do homem da roça e promovendo o conhecimento sobre experiências e saberes; além da contribuição social e econômica do trabalhador rural – abordar assuntos como agricultura familiar e aspectos da zona rural;
  • Promover as manifestações artísticas, valorizando a diversidade de indivíduos e grupos sociais, enaltecendo saberes e cultura, sem preconceitos – oferecer aos alunos a possibilidade de escutar as músicas das festas juninas, entendendo a linguagem, a narração de histórias próprias das músicas, além de propiciar o conhecimento de outras culturas;
  • Elaborar um projeto com as receitas culinárias das festas juninas, fazendo os alunos investigarem receitas, ingredientes e sabores típicos da comemoração – investigar as comidas de cada região, com pesquisa na escola sobre qual comida típica é a preferida dos alunos.

Como se vê, existem várias possibilidades. Festa junina/julina vai muito além da pipoca, maçã do amor e quadrilha; vai muito além da bandeirinha, das pintinhas no rosto e do bigode nos meninos; vai muito além da música animada, dos vestidos coloridos, das camisas listradas. Festa junina/julina é aprendizado, é cultura, é espaço de saber e confraternização das famílias.
 

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