A escola oferece recursos de tecnologia educacional? Esta é uma pergunta que torna-se, a cada dia, mais usual e necessária para as famílias quando buscam escolas para matricular seus filhos. A demanda, é claro, não está circunscrita as instituições privadas. Redes públicas de ensino, em diferentes esferas (do municipal ao federal, passando, é claro pelas estaduais), também têm demanda e oferecem recursos.
Para que servem e/ou como devem ser usados? Esta é uma segunda questão, de real importância, que por sua vez, não é feita com a necessária frequência, ou seja, literalmente “na cola” da primeira.
Os familiares ou responsáveis legais pelos estudantes querem informações sobre o que é oferecido em termos de tecnologias educacionais sem que, no entanto, busquem saber, de fato, o que são, para que servem, que benefícios são advindos destes recursos, como o ensino e a aprendizagem melhoram no dia a dia por conta das novas tecnologias ou ainda, de que modo o acesso a informações por meio destas ferramentas pode contribuir para uma melhor interação família e escola para que um melhor rendimento de seus filhos/alunos seja resultante disso.
Algo que não deve mais ser perguntado, em hipótese alguma, é se as escolas devem ou não usar tecnologias educacionais. Isso, felizmente, já não é algo questionado pela sociedade como um todo, ainda que pequenos focos de resistência existam. Em qualquer circunstância, no entanto, procede sempre questionar quais são os meios, que informação está sendo criada, para que servem tais tecnologias e como, ao final, a escola melhora com estas ferramentas digitais.
As famílias precisam participar mais ativamente da vida de seus filhos nas escolas e, neste sentido, as tecnologias aumentam a proximidade até mesmo nas grandes cidades, megalópoles em que o ir e vir está cada vez mais difícil ou, é claro, num mundo em que o trabalho e outras responsabilidades demandam tanto tempo que o simples fato de ir a escola torna-se difícil no cotidiano das famílias.
Um elemento essencial das novas tecnologias é justamente a comunicação rápida e eficiente. Por meio de portais, sites e aplicativos, as instituições de ensino podem oferecer dados essenciais para as famílias, como acesso aos seus documentos fundantes e basilares (seu Projeto Político Pedagógico – PPP, as normas e diretrizes da escola, documentos oficiais provenientes do governo que precisam ser conhecidos por todos…), a grade horária dos estudantes, os planejamentos dos cursos, informações sobre seu corpo docente e gestores, boletos de cobrança e, até mesmo, as notas e projetos desenvolvidos naquela escola.
E mais, as escolas não apenas devem oferecer estas informações como permitir que pela web se criem canais de comunicação em que as famílias dos estudantes ali estabelecidos e atendidos possam responder, interagir e enviar suas impressões sobre os serviços, informações e recursos disponibilizados por estes canais na internet. Este ir e vir de informações e dados é algo inerente a tecnologia e que as escolas devem, cada vez mais, incorporar aos seus serviços e atendimentos virtuais.
As informações apresentadas precisam ser segmentadas, personalizadas e atualizadas com grande constância para que atendam as demandas específicas das famílias e dos estudantes. Para as famílias o acesso a estes dados é valioso pois representa um acompanhamento muito próximo ainda que a realidade de hoje torne isso, no mundo físico, cada vez mais difícil.
O problema é que, muitas vezes, quando as escolas já possuem recursos que oferecem este nível de informação, falta informar melhor os potenciais usuários quanto a existência de tais funcionalidades e, com isso, promover o uso regular, constante das ferramentas para que a real comunicação seja efetivada.
Outra realidade tecnológica de valor que é pouco utilizada são os dados obtidos pelas escolas e redes de ensino quanto ao estudo online realizado por seus alunos em plataformas, aplicativos ou sites. O mapeamento, se não ocorre, deve passar a acontecer com grande constância, o máximo possível, para que se saiba o que os alunos realmente fazem no ambiente educacional online que lhes é oferecido pela escola e, também, para que as famílias possam acompanhar, de perto, se os filhos fazem tarefas regularmente, se leram os livros propostos para o bimestre (ou até quando leram, com a precisão das páginas que foram lidas e de quando isso aconteceu), se acessam as informações de eventos, se usam planos de estudo na web, se usam objetos digitais para seus estudos e aperfeiçoamento…
Falta as escolas uma estrutura profissional neste sentido, com pedagogos especializados que orientem o uso, auxiliem seus colegas em planejamentos e ações, tragam sugestões de recursos ou, ainda, professores que atuem na leitura dos dados auferidos e que ofereçam análises sobre as informações obtidas que orientem escola e família a uma melhor organização e resultados nos estudos, em sua educação como um todo.
E estas fraquezas das escolas quanto ao uso de tecnologias refletem, por outro lado, nas famílias, que ficam sem o devido subsídio para uso de recursos, informações e, com isso, sem ter um acompanhamento mais próximo, regular e eficiente da vida educacional de seus filhos.
Há, ainda, além do que já foi descrito, um conjunto considerável de softwares, aplicativos, plataformas e recursos que são insumos adicionais ao estudo. Ferramentas como vídeos educativos curados e organizados por segmento e disciplinas ou áreas do conhecimento, simulações a animações de qualidade, ambientes gamificados nos quais os alunos são instigados a aprender assuntos complexos por meio de jogos, estruturas digitais que promovem o aprendizado por meio de projetos, plataformas em que o ensino é personalizado para que se percebam as variáveis relacionadas as dificuldades específicas dos alunos… São ferramentas ou serviços contratados pelas escolas, disponibilizados para os alunos, trabalhados por professores que, motivam, divertem e ensinam, consolidando a aprendizagem em linguagens, matemática, humanidades, ciências…
E o quanto as famílias sabem destas ferramentas e de suas possibilidades? Pouco ou quase nada…
Se soubessem, se fossem instruídas para acompanhar seus filhos, auxiliando e participando com eles destes instrumentos de ensino digital, isso certamente seria um auxílio valioso tanto para os filhos/alunos quanto para seus familiares. Além do aprendizado teríamos a interação, a troca, o contato, a proximidade entre pais e filhos a ser ativada e, com isso, até mesmo a melhoria nos relacionamentos e laços familiares para todos os envolvidos.
As famílias precisam ficar sabendo sobre as tecnologias educacionais oferecidas pelas escolas onde seus filhos estudam. Para isso as instituições de ensino devem organizar formações regulares, oferecer informação no início do ano para que os responsáveis legais saibam o que está disponível e onde encontrar apoio por meio digital, ferramentas variadas, plataformas disponíveis, canais de acesso e troca de dados, para que a tecnologia educacional fique, de fato, mais efetiva, ativada e presente para todos os envolvidos no processo educativo, dos gestores aos professores, passando principalmente pelos alunos e, também, atingindo as famílias de crianças e adolescentes em formação.