Nas entrevistas e artigos que escrevo sobre “Contar Histórias”, seja no ambiente escolar ou familiar, nosso foco sempre foi a importância das histórias na construção de laços afetivos, subjetividades e valores.
Além da sua inegável contribuição para o desenvolvimento infantil, proporcionando “explicações” e compreensões de diversas situações e vivências que nenhuma justificativa pautada na lógica do mundo adulto seria capaz de fazer.
Nesse artigo, percorreremos um caminho complementar, algo as vezes esquecido, contar histórias, com intenção e com consciência de uma plateia é um fazer artístico que pode incluir múltiplas linguagens. Nessa perspectiva, é uma arte cênica.
A arte tem um fim nela mesma, é expressão humana e nos acompanha desde as cavernas, faz parte das nossas vidas e por isso está na escola. Contar histórias é prática cotidiana, é tradição oral recorrente em diversas culturas, é ofício de artistas e outros profissionais, que incluem essa prática em sua rotina de trabalho ou fazem dela o seu trabalho.
A escola, enquanto ambiente pedagógico de ensino aprendizagem, deve considerar, além das afirmações em tela, outras abrangências do contar, ouvir e recontar histórias. Entre tais questões estão o desenvolvimento de uma escuta atenta, da inteligência pessoal e interpessoal, da inteligência linguística e corporal e a possibilitando da construção de laços afetivos.
Outras considerações envolvem o fortalecimento da empatia, do trabalho em grupo, o cultivo de habilidades socioemocionais e a possível superação de dificuldades de leitura, compreensão e interpretação de textos e imagens.
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Algumas sugestões para organização do conto e do reconto de histórias.
1ª Parte: O Conto
a) Escolhendo a história.
Dê preferência ao livro impresso e a histórias curtas (a leitura não deverá ultrapassar 20minutos).
b) Contando a história
Utilize o objeto livro, seu corpo e voz. Para tal, reúna os alunos em um ambiente previamente planejado, se for uma sala de aula, mude a arrumação. Dê preferência a ambientes aconchegantes e com poucos estímulos, pois esses poderão deslocar a atenção dos estudantes.
Dica: Enfatize as mudanças entre narrador e personagens. Explore os tempos, e as gradações na fala, como intensidade e volume. Interaja, olhe para sua plateia, mesmo sentado(a) mantenha o corpo “alerta”, “vivo”.
c) Roda de conversa
Converse sobre o enredo, as personagens o local onde a história se passou.
Dica: Para trabalhar as linguagens artísticas e o reconto de maneira mais dinâmica, repita na semana seguinte a primeira parte, com livro e história diferentes. Trabalhe uma ou duas linguagens a cada semana.
2ª Parte – O Reconto
Proponha que os alunos recontem a história.
Estipule um tempo máximo de 5 minutos para que os grupos se organizem.
Estipule um tempo máximo de 5 minutos para cada grupo se apresente.
Dica: Se um grupo ultrapassar os 5 minutos de apresentação, o professor deverá interferir, assumindo o papel de uma voz externa que sugere ações que levarão a conclusão do reconto.
Propostas:
a) Linguagem não verbal
Divida a turma em grupos. Proponha que os grupos recontem a história obedecendo as seguintes regras:
Ninguém fala (somente linguagem não verbal).
Todos usam o corpo, gestos e movimentos.
É desejável que se modifique um pouco a história, mas, é importante que possamos reconhecê-la (releitura da obra).
b) Linguagem verbal
Os mesmos grupos recontarão a história incluindo falas. Será um jogo de improvisação teatral, os alunos irão incluir diálogos de forma espontânea, não serão textos decorados.
Dica: Converse com a turma, sobre as diferenças, dificuldade e facilidade em contar a história com e sem palavras.
2ª História (Siga os mesmos procedimentos em tela)
a) Linguagens artísticas: música, dança e teatro
Divida a turma em grupos. Proponha que recontem a história obedecendo as seguintes regras:
O grupo deverá recontar a história utilizando falas, sons produzidos por objetos ou pelo corpo (para comentar e/ou ilustrar a história – sons de chuva, trovões, barulho de portas etc.).
O grupo poderá “inventar” (compor) uma música para a apresentação.
O grupo deverá criar uma “dança” para o reconto.
b) Linguagens artísticas: artes visuais
Cada grupo irá desenhar (o início, meio e fim) da história ouvida.
Cada grupo deverá organizar as imagens. Com o resultado, organize uma pequena exposição e peça para os alunos observarem os trabalhos.
Finalize com uma roda de conversa
Converse sobre as diferentes formas de recontar histórias.
Estimule os alunos a comentar seus próprios trabalhos e os dos colegas.
Esperamos que o Dia Nacional das Artes, comemorado em 12 de agosto, nos inspire para que cada vez mais possamos levar a escuta atenta e o reconto de histórias, por meio das diferentes linguagens artísticas, para os educandos.
Que possamos proporcionar experienciais que abriguem o envolvimento afetivo com as obras literárias, a interação entre os pares, a compreensão e respeito às individualidades e ao trabalho coletivo.
A escuta nunca é passiva, mas com o acréscimo do reconto e dos diálogos conduzidos pelo professor, os estudantes poderão assumir o protagonismo desses processos, como coautores das histórias e senhores de suas expressões.
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