A alfabetização tem sido um tema de grande destaque não só nas mídias como também nas produções acadêmicas, isso porque pensar a alfabetização como uma ferramenta de inclusão é uma máxima bastante compartilhada.

No dia 8 de setembro é comemorado o Dia Internacional da Alfabetização, uma oportunidade para pensarmos a mesma como um processo de suma importância na construção da cidadania.

Partindo desses pressupostos, a alfabetização vai muito além de uma concepção simplista que se atém ao aprendizado do alfabeto. Logo, ela precisa estar a serviço de uma aprendizagem significativa que contemple a real necessidade de quem aprende. Não basta que os indivíduos detenham o código escrito, pois a permanência desta concepção gera um aprendizado limitado.

Convido você, caro leitor, para pensar por que ainda temos muito a caminhar para que nossos alunos tenham prazer pela leitura. Ou por que o fracasso escolar no ensino da nossa língua ainda é tão expressivo? Precisamos romper com uma educação “acartilhada”, por isso a compreensão da leitura e escrita precisa estar diretamente ligada ao processo de socialização de um indivíduo.

Não faz sentido continuar alfabetizando com frases do tipo “Vovô viu a uva”. A vida das pessoas que não são alfabetizadas ou que precisam de ajuda para interpretar um simples anúncio é extremante desafiadora e nos conduz a reflexão sobre o analfabetismo, cujo índice no Brasil é historicamente expressivo.

O analfabetismo não é um fenômeno natural, ele está diretamente relacionado aos processos históricos de negação e ineficiência da educação para a classe trabalhadora e evidencia o quanto a educação se constitui em um campo de afirmação ideológica que atualmente se reflete nas disputas na luta de classes.

Para diminuir os déficits causados por este analfabetismo estrutural é urgente repensar os currículos escolares e as práticas pedagógicas, afinal o que temos priorizado nas salas de aula? Porém, precisamos sobretudo, de políticas públicas que assegurem uma abordagem intersetorial entre as áreas da educação, da saúde e da cultura, afinal os sujeitos devem ser percebidos como um todo.

Não basta centralizar na escola a solução para todos os problemas! É urgente que o ensino da alfabetização assuma um compromisso com seu povo. Com o homem concreto. Compromisso com um ser mais autônomo e criador de sua própria história.

Josele Teixeira é integrante da Gerência de Educação Infantil da Prefeitura do Rio de Janeiro. Coordenadora Pedagógica do IEBL. Autora dos livros “Alfabetização escolar: compartilhando teorias e práticas”e Avaliação inclusiva a diversidade reconhecida e valorizada”

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