O preconceito velado ou explícito continua presente no dia a dia da sociedade afetando crianças, adultos ou idosos com alguma deficiência, com alguma diferença física, cognitiva, sensorial ou comportamental.
No dia 3 de dezembro acontece o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1992, com o desiderato de discutir a respeito dos direitos, as peculiares, necessidades e a situação das pessoas com deficiência. Uma boa oportunidade para falarmos sobre o assunto.
Sabemos que o preconceito é fruto da ignorância, da falta de conhecimento e até mesmo da falta de empatia. Como sujeitos e seres indivíduos que vivem uma sociedade, são os laços sociais que legitimam a nossa identidade, a nossa singularidade. Nos fazem perceber que somos únicos, mas somos muito parecidos em nossos desejos, sentimentos, afetos, medos etc.
Logo, para que cada professor ajude a combater o preconceito e o capacitismo dentro da escola é preciso que o trabalho seja começado em nossa própria casa, diante do espelho, nos perguntando: o que tememos? Talvez, somente talvez o que nos apavora no outro, o que tememos no outro é algo que nós mesmos temos dificuldades de aceitar dentro de nós.
Assim, é importante a partir do conhecimento dos nossos próprios medos e julgamentos, ensinar as crianças que cada um de nós é único e ao mesmo tempo cada um de nós é muito similar ao outro por nossos sentimentos afetos e medos, é importante ensinar as crianças que exatamente de laços que nos tornamos maiores e mais fortes, que o preconceito se combate com consciência, com conscientização, com compreensão, com cooperação, colaboração, com solidariedade, com diálogo que constrói pontes.
Sobre os pais, diversidades sociedades, sem desigualdades
Senhores pais e senhoras mães, tenho uma pergunta a fazer: “e se fosse você? E se fosse seu filho ou filha? E se fosse seu pai ou sua mãe? O que você faria, como você gostaria que fizesse quando encontrasse preconceito, barreiras arquitetônicas, atitudinais ou quaisquer outras barreiras que impedisse que sonhos fossem realizados?
Assim começamos a nossa conversa. E se fosse você?
A importância da inclusão de pessoas com deficiência e medidas não capacitistas nas organizações
A inclusão de pessoas com deficiência no ambiente educacional não é apenas uma questão de responsabilidade social, constitui-se acima de tudo, em um passo essencial para a construção de um ambiente mais justo, equitativo e inovador. Todas as instituições, incluindo suas metodologias e ferramentas de gestão, possuem um papel crucial nesse processo, para garantir que práticas, políticas e sistemas sejam verdadeiramente acessíveis e inclusivos.
Sobretudo, medidas não capacitistas se fazem fundamentais para combater preconceitos e barreiras que dificultam a plena participação de pessoas com deficiência na sociedade e no trabalho. O capacitismo, definido como a discriminação ou preconceito contra pessoas com deficiência, muitas vezes se manifesta em processos e dinâmicas de trabalho, até mesmo na forma como as ferramentas e dinâmicas sociais são estruturadas sem levar em consideração a diversidade das pessoas, mais especificamente, pessoas com necessidades diferenciadas.
Trazemos aqui algumas medidas práticas para promover inclusão e combater o capacitismo:
Podemos dizer que uma das primeiras medidas para a instituição e professores promoveram a acessibilidade é garantir o desenho universal trazendo desde arquitetura, ergonomia, projetos pedagógicos até mesmo planilhas, gráficos e ferramentas digitais sejam projetadas para serem acessíveis a todos, incluindo pessoas com deficiência visual ou motora. Isso pode incluir o uso de legendas, descrições claras, audiodescrição e suporte para tecnologias assistivas.
Construir Linguagem inclusiva utilizando termos que respeitem a individualidade e a dignidade das pessoas com deficiência, evitando expressões capacitistas, preconceituosas, comparações ou rótulos.
Promover a capacitação da equipe com formação contínua e rodas de conversas regulares se faz como uma medida fundamental para conscientizar a toda comunidade sobre o capacitismo e formas de combatê-lo no dia a dia, incluindo o uso de ferramentas de tecnologia assistiva
A tecnologia assistiva busca promover adaptação às necessidades específicas de cada individuo no ambiente educacional e para além dele. Ela possibilita personalizar metodologias, processos e relações de trabalho, pedagógicas e até mesmo da vida diária, propendendo atender às diferentes capacidades dos membros da instituição.
Avaliação e melhoria contínua utilizando mapeamento das necessidades e estabelecendo a construção de instrumentos e diagnósticos das necessidades de análise para do impacto de ações inclusivas, promovendo mudanças de rotas, quando necessário.
Ao agregar práticas inclusivas, instituições ratificam o compromisso com a diversidade e transformação social promovendo vínculos sólidos, de cooperação, solidariedade e partilha. Mais do que isso, contribuem para um ambiente em que todos os talentos podem florescer, gerando benefícios para as pessoas como um todo.
A inclusão e a construção de laços têm acima de tudo a possibilidade de fortalecimento social e a superação diante das emergências e do inesperado. É função das instituições, da família e sociedade promover a equidade e igualdade de oportunidades, indubitavelmente o aprendizado e desenvolvimento, superação e conhecimento em cada momento.
Destarte, compreendemos que as grandes vitórias sejam construídas e tecidas a partir de cada dia do cooperar e compartilhar, porque, o segredo da vida e de toda educação é encontrar a razão e o propósito. Logo, a inclusão não é apenas uma obrigação legal ou ética; é uma oportunidade de construir um futuro mais inclusivo, resiliente e próspero.
Maria Dolores Fortes Alves é professora, doutora e mestre em Educação, mestre em Psicopedagogia e pedagoga. Entre os livros lançados estão “Favorecendo a inclusão pelos caminhos do coração” e “Práticas de Aprendizagem integradoras e inclusivas”. Ambos pela Wak Editora.