14 de abril é o Dia Nacional de Luta pela Educação Inclusiva. Vamos refletir sobre o tema e encontrar o melhor caminho juntos?

O Dia Nacional de Luta pela Educação Inclusiva acontece 14 de abril. Uma boa ocasião para enfatizar que incluir é sempre um gesto de amor. Mas tem que ser um movimento natural em ações, empatia, resiliência e muito amor ao próximo, uma vez que o estereótipo de “Normal” precisa ser ressignificado. A sociedade tem que entender que todos somos diferentes em nossa bela singularidade, formada primeiramente pelo amor e em seguida pelas interferências biopsicossociais. 

Não existe ninguém igual. Sofremos o start ao nascer e o meio ambiente, as relações sociais e os estímulos que recebemos serão cruciais para que você se torne alguém único neste vasto universo.

Por este raciocínio até meio filosófico, mas também pautado na verdade científica, podemos concluir que tudo certo “SER DIFERENTE”. E se padrões de normalidade podem ser questionados, porque exigir normalidade em comportamentos, na aprendizagem e em ações?

Pautada nessa reflexão, trabalho diariamente com a ressignificação destes conceitos e espero, ver um dia, uma sociedade onde não exista a necessidade de Leis de Inclusão para assegurar direitos que são naturais de todo o cidadão, seja ele com ou sem deficiência.

 Precisamos diferenciar Educação Inclusiva, que abrange o atendimento de todas as pessoas no ambiente escolar, sem discriminação de raças, classes, culturas, religiões, gêneros, de Educação Especial que é a modalidade de ensino destinada a alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, conforme a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. 

Mas enquanto evoluímos enquanto cidadãos e espécie vamos levantando a bandeira da Inclusão, certos de que estamos assegurando que as pessoas vistas como elegíveis candidatos à inclusão tenham voz e vez, além de oportunidades iguais. 

Também neste dia da Inclusão, precisamos relembrar as lutas e todo processo para chegar até aqui. No Brasil, foi a partir da Declaração de Salamanca (1994), da promulgação na Constituição Federal e da própria Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de nº 9394/96, que princípios como “todos devem ter oportunidades e direitos iguais para aprender e desenvolver suas capacidades”, embasado no princípio da isonomia, passaram a fazer parte da luta contra a exclusão das pessoas com deficiências e mudou todo o cenário educacional brasileiro, pois elas passaram a ter garantido o direito de frequentar escola regular, ter mediação e adaptação curricular e reforço em salas de atendimento especializados no contraturno da escola. 

E dentre estas batalhas para incluir estas pessoas, estava o direito de elas serem incluídas sem laudos previamente, a desconfiança de professores não capacitados para trabalhar com este novo público, a necessidade de adaptação curricular para cada aluno, o direito a ter um PDI (plano de desenvolvimento individual) e outras demandas. 

Tudo isso exigiu ainda mudanças no projeto político pedagógico, que é um documento obrigatório e que define as metas para cada escola, na avaliação, no currículo, na metodologia e por consequência no professor que é o grande agente mediador de todo esse processo. 

Todos aqueles que desejam trabalhar com a Educação Inclusiva precisam ter vasto conhecimento e estar sempre atualizados, sendo assim, é importante que estejam capacitados para esta bela missão.

Entender sobre metodologias ativas e sobre a condição de seu aluno ajuda na construção de um bom PDI (Plano de desenvolvimento Individual) ou PEI (Plano Educacional Individualizado) que vai ajudar na escolha das adaptações curriculares e das estratégias utilizadas para cada estudante com ou sem deficiências.

Promover a inclusão, principalmente do público da Educação Especial, exige recursos financeiros e são necessários investimentos em ferramentas tecnológicas, como teclados virtuais, salas e laboratórios multifuncionais, sistemas informatizados e outros equipamentos audiovisuais que facilitem a comunicação e o aprendizado. Portanto, torna-se necessário que este professor também esteja apto e atualizado para utilizar todos estes recursos. 

A Educação e o conhecimento empoderam a todos que estão envolvidos neste movimento de uma sociedade mais justa e que faça com que princípios como igualdade, isonomia e equidade sejam de fato e de direito cumpridos para todos. 

Sendo assim, qualquer meio ou forma de propagação de informações e de discussão sobre a temática da inclusão é bem-vindo. 

Mas já caminhamos bastante. E o final dessa história ainda está longe de acontecer. Ainda enfrentamos, em algumas escolas, a negativa de recebimento destes alunos de inclusão e a adaptação de metodologias a suas realidades. Ainda verificamos um forte movimento excludente destes alunos e de suas famílias pela comunidade escolar. Ainda verificamos professores cansados e sem condições de proporcionar um ensino de qualidade para estes alunos de inclusão, pois suas salas de aula estão cheias de alunos com as mais variadas demandas. Ainda nos deparamos com um mediador em sala de aula para dois ou mais alunos que precisam de inclusão. Ainda nos deparamos com a intolerância racial, de gênero, de religião… 

Incluir não é um processo fácil e ainda é um movimento que precisa ser bem pensado. Por isso, estudar estratégias para esta implementação e inclusão, pressupõe aprendizagem em conjunto, aprendizagem colaborativa, campanhas de combate ao bullying, treinamento de professores para que estejam aptos a criar metodologias e adaptações para cada demanda e muito acolhimento.

Luciana Cordeiro Felipetto é fonoaudióloga clínica e educacional. Mestre em Ciências da Educação, Pós- graduada em Psicopedagogia. Autora dos livros como “A descoberta do mundo das letras”, “O Girassol azul” e “Tenho um aluno com alteração de processamento auditivo Central e agora?”.

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