O Dia da Educação é comemorado em 28 de abril. O objetivo é incentivar e conscientizar a população sobre a importância da educação, seja escolar, social ou familiar, para a construção de valores essenciais na vida em sociedade e do convívio saudável com outros indivíduos.

A ludicidade na Educação Infantil é uma ferramenta essencial que pode transformar o processo de aprendizagem. O brincar é, em sua essência, o facilitador da construção, fixação, assimilação, ressignificação, manutenção e renovação da cultura.

Por este motivo, devemos reconhecer seu potencial educador, por propiciar conexões sociais que fomentam a aprendizagem de maneira natural e significativa. Quando uma criança se envolve em uma brincadeira, automaticamente se desliga e se desloca para um universo único que propicia situações de assimilação da cultura.

Neste ambiente favorável promovido pelo brincar, ela explora posições que só seriam possíveis ocupar um pouco mais velha, lida com situações que lhe causam anseio e alguns medos, e assim começa a superá-los em uma experiência natural.

Ela reproduz situações cotidianas que a conectam à sua cultura e que serão a base para sua formação enquanto sujeito social e histórico pertencente a uma comunidade.

Neste lugar chamado brincar, as experiências sociais ganham espaço e começam a fazer sentido para quem brinca, mobilizando conexões com relações temporais, espaços, materialidades e narrativas que surgem da experiência vivida de maneira coletiva.

Palavras passam a ser reproduzidas e, com o tempo, ganham significado e sentido; emoções são experienciadas e posteriormente nomeadas; o corpo e suas possibilidades são reconhecidos e dominados; a sensibilidade e a noção de regras são exploradas, evidenciando um desenvolvimento integral explicitado por essa linguagem.

O brincar é sem dúvida uma linguagem universal, todas as crianças brincam e se manifestam corporalmente, e nesse brincar podemos perceber com clareza a cultura manifestada. No entanto, vivemos um fenômeno social que causa preocupação em educadores engajados com a infância e o brincar: cotidianamente, observamos uma significativa diminuição das experiências de brincar livre, social e interativo.

As crianças estão sendo direcionadas a experiências individuais e autocentradas, principalmente em grandes metrópoles que colocam a infância e as crianças à margem da sociedade.

 Existe quase sempre o espaço/cantinho da criança, um dispositivo eletrônico ou um adulto direcionando esse brincar, e as crianças não buscam mais por si só possibilidades de brincar ou reconhecem esse brincar sem a condução de alguém ou de um dispositivo. Aqui nos deparamos com a necessidade de favorecer nos ambientes educativos experiências de brincar espontâneo que se manifestem na relação com o outro e com o ambiente.

Neste sentido, precisamos organizar e separar tempo dentro dos ambientes educativos que favoreçam as experiências de brincar, promover situações de brincar intergeracionais e convidar familiares para participarem desse processo.

Assim, facilitamos a continuação da cultura da infância. Precisamos compreender que o ser criança é uma estrutura biológica, mas a infância é o período cultural da vida do ser humano e é pensada e promovida pelo adulto. 

Promover e permitir que o brincar e suas diferentes manifestações façam parte do contexto educativo é sem dúvida garantir a manutenção da cultura da infância. Não quero desvalorizar as experiências de brincar com a intenção de prover alguma aprendizagem de conteúdo específico, mas convidar os diferentes educadores e educadoras a terem a sensibilidade e a perspectiva da necessidade de que as crianças precisam de oportunidades para reconhecer e conhecer a partir da experiência coletiva e não dirigida, experiências de brincar livre, possibilitando desde a tenra infância experienciar o corpo e suas manifestações com liberdade e inteireza.

Cristiano dos Santos é mestrando em Educação, formado em Educação Física, pós-graduado em Psicopedagogia, Inteligência Socioemocional e Educação Física Escolar. Autor do livro “Brincaletrando – Músicas para brincar e aprender”, publicado pela Wak Editora.

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